Ó minha alma, descansa somente em Deus! (Salmo 62)

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Introdução Salmo de Davi: melodia de Jedutum (1Cr 16.41-42; 2Cr 5.12; 35.15; Sl 39:título; Sl 77.título). Provável ocasião: a revolta de Absalão (2Sm 15-18). “Os rebeldes procuravam derrubar Davi como se fosse uma parede pendida. O objetivo era derribá-lo de sua dignidade, isto é, de seu trono. Fingindo lealdade, tramavam contra ele” William MacDonald, Comentário Bíblico Popular: Antigo Testamento, 2a edição (São Paulo: Mundo Cristão, 2011), 434. Tema recorrente: a repetição das palavras “somente” e “só” apresenta ênfase na dignidade de Deus ser o alvo exclusivo de nossa confiança. Com base nisso, numa forma de reflexão, anúncio e oração, Davi proclamará (1) os atributos de Deus, (2) o significado desses atributos na vida do crente, (3) a confrontação aos infiéis e (4) os alvos errados de confiança.
Exposição 1. O anúncio introspectivo (Vs. 1-2; 5-7)
Diante da aflição, Davi recorre novamente a auto-confrontação. O salmo inicia de Davi para si mesmo. O coração do homem é como um terreno baldio que, se não cuidarmos, cresce mato. Pelo que podemos perceber o mato é acreditar mais no que as circunstâncias podem apontar, ou no que os inimigos podem dizer, do que naquilo que a Palavra de Deus diz.
Nesse exercício de anúncio introspectivo, Davi proclama os atributos de Deus:
· É fonte exclusiva de salvação (1b, 2a, 6a,7a)
· É nossa Rocha (2a, 6a, 7b)
· É nosso refúgio (2c, 6c)
· É fonte de esperança (5b)
· É a base de nossa glória/reputação (7a) ou de quem ele é (fiel e rei)
Estes anúncios lhe trazem certezas:
· Ele não será muito abalado (2b)
· ou jamais será abalado (6b) – ele cai em mais profunda consciência de quem ele é diante de Deus.
2. A descrição da fonte de aflição (Vs. 3 e 4)
A questão que Davi levanta é que aqueles homens são impiedosos. Querem dar cabo de alguém que está vacilante como uma parede prestes a tombar (v. 3). Na verdade, seus desejos se resumiam a tirar Davi do trono, sejam homens que diretamente trabalhavam para isso ou aqueles que somente esperavam um levante consistente para revelar sua deslealdade (v. 4).
Traidores: Absalão (filho), Aitofel (ex-conselheiro pessoal de Davi), Simei (da casa de Saul), pessoas do povo de Israel.
3. O anúncio público (vs. 8-11)
Versículo 8: Ordem de confiança (confiai), oração (derramai) e afirmação (Deus é nosso refúgio - atributo repetido do verso 6, aplicado ao povo).
O salmista ensina que o local de se espremer é diante de Deus. O cristianismo não é de heróis intactos, impolutos, mas cheios de feridas. Como diz a canção de João Manô, ao se referir ao príncipe dos pregadores, Charles Spurgeon, muitos dos filhos de Deus são soldados tão feridos que não querem mais lutar. Soldados veteranos querendo o seu lar. Versículo 9: A lição é a futilidade de quem confia em coisas vãs.
a) A insignificância e inconstância claras dos plebeus (pessoas do povo caíram nas palavras de Absalão), b) a confiança enganosa dos ricos (poderosos se ajuntaram a Absalão na conspiração contra Davi).
Versículo 10: A exortação para que os ouvintes também não caiam na tentação da futilidade e idolatria. Não se deve confiar na extorsão (maldade/contenda), nem no furto (violência) e nem nas riquezas adquiridas modo lícito.
Versículo 11: Os atributos de Deus também são anunciados ao público com o fim de particularizar o Deus de Israel: Ele é fonte e possuidor de poder. Descansamos na certeza de que o poder pertence a Deus. E isto é maravilhoso para o povo de Deus.
4. A oração a Deus (v. 12)
No final, o atributo de Deus é proclamado em oração como adoração direta. Davi se volta para Deus. É interessante como Davi concilia graça com justiça retributiva. Uma coisa, teoricamente, é o contrário da outra. Graça é dar ao outro o que não merece. Justiça é dar a outro o que lhe é devido. Por que Davi fala assim? O salmo inteiro ele desenvolve a ideia de confiar. Obras não estão no sentido de barganha ou de conquista, mas de demonstração desta confiança mencionada (árvore boa, bons frutos ou frutos coerentes com o tipo de árvore).
Aplicações Aplicação 1:
Novamente a importância de pregarmos para nós mesmos. Muitas vezes, em momentos de tentação ou de ansiedade, uma grande ferramenta será a pregação aplicada a si. Uma espécie de autorreflexão acerca do significado do evangelho à sua vida. “É razoável que eu tome essa atitude?” “Cristo não me libertou para que eu diga não a isso?” “Foi para andar assim que o Senhor me salvou”*.
Esta pregação a si não envolve apenas os dias tenebrosos, mas escolhas ordinárias da vida também (ex.: “nisso há alguma virtude?”).
Aplicação 2:
Os atributos de Deus não são apenas coisas que se aprende na Escola Bíblica, mas que tem efeitos especiais e práticos em nossas próprias vidas. Ele é a sua Rocha, o seu refúgio, a sua segurança, o seu Salvador, e os que confiam nele não serão abalados.
Aplicação 3:
Nossa posição e identidade dependem de Deus. O mais importante que somos é quem nos somos diante de Deus em Cristo Jesus. Isto é libertador. Idolatramos às vezes nossas identidades dadas pelo nosso trabalho ou família (ser pai ou mãe bem sucedido). Ter qualquer dessas identidades arranhadas nos dói tanto. Não pelo que acontecerá com outros mas por nós mesmos. Isso é idolatria. Somente quem somos em Cristo é que nos traz redenção e verdadeira identidade. De Deus dependem minha salvação e minha glória.
Aplicação 4:
Descontentamento é falta de contentamento em Deus. E isso porque nosso coração é tão pouco ambicioso. Queremos que pessoas sejam Cristo. Queremos que coisas nos deem sentido. E com isso sofremos e espalhamos sofrimento. Temos até prazeres mas todos com data de validade. "Somos criaturas medíocres, brincando com bebida, sexo e ambição, quando a alegria infinita nos é oferecida. [...] Nos contentamos com muito pouco." C.S . Lewis, O peso da glória, p.32 O nosso coração deve estar em Deus (v. 10). Os prazeres deste mundo pesados juntos são vaidade e neles não pode estar o nosso coração. Aplicação 5:
Descansamos na certeza de que o poder pertence a Deus. E isto é maravilhoso para nós**. “todo poder emana do povo”, “três poderes”, “poder global”, nada disso pode nos desviar da verdade “que o poder pertence a Deus”. Cristo é quem possui as chaves da morte e do inferno. E nele a gente pode confiar.
SDG
-- *John Donne fez um comentário memorável sobre esse salmo: “Ele é minha rocha, minha salvação, minha fortaleza, meu refúgio e minha glória.
Sendo meu refúgio, que inimigo me perseguirá?
Sendo minha fortaleza, que tentação me ferirá?
Sendo minha rocha, que tempestade me abalará?
Sendo minha salvação, que tristeza me desanimará?
Sendo minha glória, que calúnia me difamará?”
**Lembrei-me de Melcor, que não estava satisfeito em o poder pertencer a Eru Ilúvatar (O Silmarillion), ou no Partido, em 1984, que é movido pelo poder em suas mãos. Todos passarão.
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