Jesus e os Impostos

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Introdução

Ano de eleições é a época dos debates e embates;
Como um Cristão deve se relacionar com o governo? Jesus se destacou como um político ou líder revolucionário?
Essa questão também era sensível nos dias de Jesus;
Diferente dos debates de hoje em dia, as questões levantadas pelos opositores de Jesus tinham o desejo de prová-lo, com o fim de prendê-lo.

I. A astúcia e hipocrisia dos fariseus e herodianos (vs. 13-14)

A astúcia dos fariseus e herodianos (v.13)
Alguns discípulos dos fariseus e espiões foram enviados pelos sacerdotes para tentar Jesus - O propósito de serem enviados para uma missão era o de detectar um erro ou um passo em falso em Jesus Cristo - armar uma arapuca para que o Senhor fosse pego em sua ingenuidade ou orgulho, fazendo uso de elogios falsos.
Os fariseus eram um grupo religioso que pregava uma observância extrema das tradições - legalistas;
Herodianos - eram partidários de Herodes Antipas, criam na lei, mas tinham um estilo de vida helenizado - liberais;
Um grupo não nutria simpatia pelo outro, mas se uniram por duas ocasiões para tentar Jesus;
A ideia deles era pegar (termo grego cujo sentido denota apanhar um animal de forma truculenta) Jesus em alguma palavra fazendo uso de bajulação. Depois de terem falhado ao responder a pergunta que Jesus lhes fizera sobre o batismo de João, agora eles se dirigiriam a Cristo tentando-o com palavras bajulatórias;
A hipocrisia dos fariseus e herodianos (v.14)
As palavras dos fariseus e herodianos aqui traduziam o que eles mais sabiam a respeito de Deus, conforme revelado na Lei, atribuindo-as diretamente a Jesus:
Integridade - o Senhor é verdadeiro
Equidade - não se importa com a opinião dos outros
Imparcialidade - não olha a aparência das pessoas
Veracidade - ensina o caminho de Deus segundo a verdade - O caminho aqui se refere a lei de Deus, o meio pelo qual o homem pode se achegar a Deus - Jesus descreve a si mesmo como o caminho. Como afirma Hendriksen “O “caminho de Deus” é o modo como Deus quer que as pessoas pensem e vivam. É a sua vontade para o coração, a mente e o comportamento do homem”
Porém eles não criam em nada disso em relação a Jesus. Suas palavras eram fingidas e empregadas com um propósito vil.
Os fariseus e herodianos encarnam os inimigos descritos pelos salmistas ao procurarem armar ciladas para prender Jesus e tirar-lhes a vida (Salmo 38.12; Salmo 55.21; Salmo 56.5-6)
Eles estabelecem a questão: é lícito pagar imposto ao imperador?
"De acordo com a verdade que você ensina, ou seja, de acordo com o caminho de Deus que você aponta, é permitido pagar imposto a Cesar?"
Havia um descontentamento entre os judeus com relação a questão dos impostos;
Trata-se de um imposto imperial estabelecido especificamente por Cesar Augusto ao povo da palestina que ia diretamente para o tesouro do imperador no ano 6 d. C.; Ilustração - parecido com nosso imposto de renda;
Esse imposto havia gerado uma revolução posteriormente, citada pelo historiador judeu Flavio Josefo, em que Judas, o galileu, convoca os judeus a se revoltarem contra o império, pois pagar tal imposto ao imperador caracterizava-se em uma blasfêmia.
Se Jesus respondesse afirmativamente ele poderia cair em descrédito para com os judeus; se negativamente, os romanos poderiam prendê-lo por traição e revolução. Com isso em mente, o desafio estava lançado.

II. A sabedoria e autoridade de Jesus (vs. 15-17)

Jesus conhece a hipocrisia dos fariseus e herodianos (v. 15a)
A palavra conhecer aqui é a mesma que foi utilizada pelos opositores de Jesus, quando afirmaram que sabiam que ele era verdadeiro, no sentido de ter pleno conhecimento dos fatos. No entanto, o saber de Cristo é verdadeiro a respeito do coração e motivações, diferente dos opositores que não o conhecia;
Hipocrisia - falta de sinceridade em virtude do fingimento de ter qualidades ou crenças que você realmente não tem;
Jesus mostra que sabe da intenção dos seus opositores de tentá-lo (v. 15b)
tentar aqui possui o sentido de testar, colocar a prova com o objetivo de mostrar imperfeições e inconsistência;
Essa é a tática dos debatedores para colocar em descrédito o ensino de alguém;
Jesus ordena que lhes trouxessem um denário e os questiona sobre a figura e inscrição nela (vs. 15c -16)
Uma ironia é visto aqui - os próprios fariseus, que tinham reservas quanto ao imposto imperial, tinham consigo uma moeda que carregava a imagem do imperador deificado, enquanto Jesus não a tinha;
Jesus aqui demonstra a inconsistência do pensamento dos fariseus ao pedir essa moeda;
De acordo com a imagem, a moeda continha de um lado a cara do imperador Tibério Cesar, que governava nos dias de Jesus, com a descrição “Filho do Divino Augusto” - uma descrição que atribuía divindade ao imperador - e do outro que apontava as iniciais que significavam “Pontífice Sacerdote” - apontando a idolatria e o paganismo da instituição romana;
Ao fazer uso da palavra “imagem”, Marcos utiliza a mesma palavra de Gênesis 1.27, que ensina que nós, a humanidade, fomos feitos a imagem de Deus
Jesus ordena a dar a César o que era de César e a Deus o que era de Deus (v. 17)
Cristo responde de uma maneira que surpreende os seus opositores, pois não apoia nenhum partido político da época e reverbera o ensino da Lei de Deus, que é o princípio da honra ao rei e temor a Deus.
Esse ensino é repetido pelos apóstolos em suas cartas Romanos 13.7 “Paguem a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.” 1Timóteo 2.2 “Orem em favor dos reis e de todos os que exercem autoridade, para que vivamos vida mansa e tranquila, com toda piedade e respeito.” Tito 3.1 “Lembre a todos que se sujeitem aos governantes e às autoridades, que sejam obedientes e estejam prontos para toda boa obra.” 1Pedro 2.17 “Tratem todos com honra, amem os irmãos na fé, temam a Deus e honrem o rei.”Provérbios 24.21 “Meu filho, tema o Senhor e o rei; não se meta com os revoltosos,” Daniel 2.21 “É ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.”
Ao acrescentar “o que é devido a Deus, entreguem a Deus”, Jesus estava enfatizando que, todo o culto, gratidão, glória, etc. devidos a Deus devem ser constante e alegremente dados a ele. Nada deve ser retido. Veja, por exemplo, os salmos 29; 95; 96; 103–105; 116; João 17.4; Romanos 11.33–36; 1Coríntios 6.20; 10.31; 16.1–2; 2Coríntios 9.15.
Os fariseus e herodianos ficaram admirados com a sabedoria de Cristo.

Aplicações

O que esse texto nos ensina a respeito do nosso relacionamento com o governo? Dois ensinamentos destacamos aqui:
1) Devemos nos sujeitar as autoridades instituídas por Deus, porém não dar a elas o que elas pertence somente a Deus.
Somos chamados para sermos bons cidadãos que cumprem a lei e honram as autoridades instituídas, nos submetendo a elas e orando por elas. No entanto, devemos nos opor a elas de modo pacífico e em amor, suportando a perseguição, quando elas requem de nós o que podemos dar somente a Deus.
2) Todas as esferas da vida estão sujeitas ao Senhorio de Jesus Cristo;
Jesus Cristo é o Rei Soberano e por isso deve ser adorado em todos os lugares e em todas as esferas da vida: trabalho, ciência, política, arte, família, educação, cultura, igreja. Com que frequência tenho vivido para a sua glória e o adorado adequadamente?

Conclusão

Em dias de eleição, na qual os ânimos da população tendem a se exaltar, precisamos nos lembrar da ordem de Jesus e não transformarmos nosso apoio a um político em uma devoção inadequada. Enquanto Cristãos nos posicionamos a favor de Cristo e defendemos a verdade do Evangelho optando pela cobeligerância e não pela devoção cega a qualquer político ou partido. Dar a Deus o que é de Deus, significa sobretudo, que ele é o único que deve ser adorado e temido, que está impassível de erro, cuja nossa devoção é ilimitada. Dar a Cesar o que é de Cesar significa cumprir com os nossos deveres enquanto cidadãos, votarmos com uma consciência cativa pela Palavra de Deus, e atribuir um apoio limitado, sempre com uma voz crítica, porém honrosa, aqueles que Deus estabeleceu para nos governar por meio do voto popular.
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