Uma fé que compreende

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Jesus chama atenção dos discípulos com relação a hipocrisia e ao coração endurecido.

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Introdução

Uma das cenas mais legais do filme “As Crônicas de Nárnia e o Príncipe Caspian” é quando Lúcia vê Aslan, depois de muito tempo e exclama: “- Aslan, como você cresceu!” – exclama a menina, agora, no segundo episódio, maior e mais velha, e o leão, então, responde àquela jovem: “- Lúcia, à medida que você cresce, eu cresço também”.
Jesus intencionava o crescimento dos seus discípulos. Os sinais que ele fazia revelava mais sobre quem ele era e o que ele fazia.
Depois de ter multiplicado o pão novamente para uma multidão e ter confrontado a incredulidade e a tentação dos fariseus, Cristo quer ensinar uma grande verdade sobre o discipulado aos seus discípulos, porém fica estupefato ao ver o quanto ainda eles estão obtusos em seu conhecimento.

I. O fermento dos fariseus e de Herodes (vs. 14-15)

Os discípulos se esquecem de levar pão para a viagem;
Um pão não era suficiente para alimentar toda a equipe que andava com Jesus Cristo;
Era responsabilidade dos discípulos comprar os pães para a viagem;
Esse fato faz um contraste com as duas multiplicações de pães que ocorreram a pouco. Em um momento havia abundância de pão, noutro a apenas um pão.
Isso deixou os discípulos em uma situação difícil, pois na região em que estavam seria difícil comprar pão para alimentar 13 pessoas;
Jesus chama a atenção dos discípulos quanto a tomarem cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes
Jesus utiliza duas palavras no grego para chamar a atenção dos discípulos quanto ao perigo, que expressam uma ordem - vigiem cuidadosamente.
O que seria esse fermento? Uma metáfora empregada na literatura rabínica que se refere com frequência “à tendência ou intenção do coração humano, algumas vezes em um sentido positivo, mas com maior frequência com um sentido ruim”. James Edwards
Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento V. O Fermento dos Fariseus e de Herodes (8:14–21)

Fermento na Bíblia é uma metáfora constante do pecado, propagando-se devagar e quieto e afetando tudo com que entra em contato. O fermento dos fariseus incluía hipocrisia, ritualismo, justiça própria e fanatismo. Os fariseus representavam grandes exigências de santidade exterior, mas no interior eram corruptos e profanos. O fermento de Herodes pode incluir descrença, imoralidade e mundanismo. Os herodianos eram notáveis por esses pecados.

Os judeus eram instruídos a não utilizarem o fermento em ocasiões específicas, como na Páscoa (Êx 12.15) e nas ofertas de cereais (Lv 2.11), pois tipificava o pecado, a perversão. Segundo Grant Osborne, a advertência de Jesus significa “tomem cuidado com a disseminação da maldade dos líderes”.
Mateus identificou o fermento dos fariseus com a doutrina ensinada pelos fariseus (Mt 16.5-12); Lucas o identificou com a sua hipocrisia (Lc 12.1);
Somente em Marcos aparece a referência ao fermento de Herodes. Trata-se a uma referência a Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande, cuja descrença, imoralidade e mundanismo eram características de sua família e seus seguidores.
Os fariseus e os herodianos se juntaram para bolar um plano para prender Jesus Cristo, apesar de não haver muito em comum entre eles;
Como assevera Craig Keener, é um alerta referente tanto a religiosidade dos fariseus quanto a atuação do poder político de Herodes, como influências corruptoras.
Aplicação 1: O fermento dos fariseus e de Herodes ainda estão presentes no mundo e podem nos corromper por meio do legalismo, do secularismo e do ceticismo.
Enquanto seres humanos somos propícios a esses perigos. Ao longo de toda a história, a igreja do Senhor teve de lidar com esses dois perigos que minam a fé e a vitalidade da igreja. Como afirma William Hendriksen:
O “fermento” característico ou “ensino”, seja por preceitos, por exemplos, ou ambos, que é indicado nos evangelhos, com respeito aos três grupos, são os seguintes:
Os fariseus, tradicionalismo (Mc 7.4,8).
Tradições ganham mais peso e mais importância do que a própria palavra de Deus.
Ex. A ICAR na idade média e nos dias de hoje; o tradicionalismo pietista, metodista, reformado...
Herodes e seus seguidores, os herodianos, secularismo (Mc 6.17ss.)
Trazer práticas mundanas para a igreja (não me refiro a questões como música, arte, tecnologias…) mas a aproximação indevida entre o estado e a igreja; a imoralidade sexual, a corrupção financeira.
Ex. ICAR; Mega Igrejas;
Os saduceus, ceticismo (Mc 12.18; cf. At 23.8).
Relativização da fé; o ceticismo, o reducionismo do evangelho a obras de cunho social;
Ex. Liberalismo Teológico; Materialismo; Agnosticismo; Heresias propagadas por falsos mestres;

II. O coração endurecido dos discípulos (vs. 16-21)

Os discípulos não compreenderam o que Jesus disse. Pensavam que ele estava os repreendendo por não ter comprado pão (v.16):
Da perspectiva espiritual, os discípulos estavam cegos, não muito diferente dos fariseus e herodianos;
Os discípulos não têm consciência de sua condição atual. Mesmo em contato diário com Cristo seu coração estava tomado pelo fermento maligno. Como afirma James Edwards, a proximidade dos discípulos com Cristo tem de crescer e se tornar compreensão, e a compreensão em fé. Caso contrário, eles estariam no mesmo caminho que Judas Escariotes.
Marcos 8.14–21 O Fermento dos Fariseus e de Herodes (Cf. Mateus 16.5–12)

Ambos os imperativos – “Tenham cuidado!” e “estejam alertas contra” são de caráter durativo. Portanto, o significado é: “Fiquem sempre em alerta”; “sempre estejam em guarda contra”.

Os Doze precisavam dessa advertência. Mesmo que andassem diariamente com Jesus, estavam sempre em grande perigo de serem seduzidos pelos ensinos daqueles que se opunham a ele. Veja Mateus 15.12; 19.3–10; Marcos 7.1,17–23; 10.2–12,35–45; Atos 1.6.

Jesus repreende os discípulos por causa de seu coração endurecido (vs.17-21)
Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento V. O Fermento dos Fariseus e de Herodes (8:14–21)

Os discípulos não compreenderam completamente o sentido das palavras do Senhor. A única coisa em que podiam pensar era comida. Então ele rapidamente fez nove perguntas a eles. As primeiras cinco os reprovavam por sua estupidez. As quatro últimas, por preocuparem-se com suas necessidades enquanto ele estivesse com eles. Ele não alimentara cinco mil com cinco pães, com um superávit de doze cestos? Sim! Ele não alimentara quatro mil com sete pães, com um superávit de sete cestos? Sim, ele o fez. Então por que não entenderam que ele tinha capacidade abundante de suprir as necessidades de um punhado de discípulos em um barco? Será que eles não perceberam que o Criador e Sustentador do universo estava no barco com eles?

Jesus rebate a incredulidade dos discípulos da mesma maneira que rebate os fariseus e o Sinédrio
As perguntas de Jesus combinam argumentos e censura: Não compreendem e não percebem? O coração de vocês está endurecido? Não veem? Não ouvem? Não se lembram? Não entendem? Jesus está acusando os discípulos de cegueira e surdez espirituais
Essas perguntas evidenciam o fracasso dos discípulos no discipulado; os discípulos fracassaram como o povo de Israel, que receberam dos profetas duras palavras de censura por causa de sua incredulidade (Jeremias 5.21; Ezequiel 12.2; Isaías 6.9-10; 48.1-11)
Jesus chama a atenção dos discípulos dizendo que eles se esqueceram dos pães que ele havia multiplicado e sobrado. A preocupação dos discípulos consigo mesmos era maior do que seu interesse e compreensão pelo Reino.
Quando Cristo pergunta a eles se eles lembram desses fatos recentes, Jesus questiona se eles entenderam o que aconteceu e se estão agindo de acordo com esse conhecimento?
É evidente que os discípulos não entenderam. O v.21 termina com essa pergunta retórica “Vocês ainda não entendem?” que mostra o quanto ainda a fé dos discípulos é insipiente e carecia de aperfeiçoamento. Ao longo do relato de Marcos, os discípulos deixaram a obtusidade crescendo no entendimento de quem Cristo é do que ele fez.
Aplicação 2: Cuidado com o coração endurecido. A falha em compreender endurece o coração .
“O coração endurecido é um problema particular para pessoas morais e religiosas. Um coração ignorante não pode endurecer a si mesmo. Só um coração conhecedor por endurecer, e essa é a razão porque os mais próximos de Jesus - os fariseus e os discípulos - correm maior perigo. Os discípulos espelham a humanidade em geral, que está tão presa em seu próprio mundo e cuidados que fica cega e surda para Deus. Os discípulos estão ansiosos por causa da falta de pão, mas Jesus está ansioso sobre a falta de fé dos discípulos.” James Edwards
Um dos grandes nomes da história da Igreja a falar da fé que busca entendimento foi Anselmo da Cantuária, que ensinou no monastério de Beck. Ele escreveu dois textos em especial, contrapondo a visão mística que fora abraçada pelo monasticismo medieval, que via apenas nas regras monásticas (meditação, jejum, voto de pobreza, serviços braçais) o meio para crescer na fé, sem o entendimento das Escrituras. Ele escreveu para esclarecer as dúvidas que muitos monges tinham e fundamentar-lhes a fé.
Aplicação 3: A doutrina sobre quem Cristo é e o que ele é o centro de todo o discipulado cristão.
“A teologia serve a igreja em grande medida porque a doutrina serve ao discipulado”. Kevin Vanhoozer.
Não existirá um discipulado efetivo se não houver uma compreensão de quem Cristo é e do que ele fez. Podemos ser os mais ilustres expectadores da história, podemos nos emocionar e sentir arrepios, podemos citar as palavras, versículos, a história e não saber quem Cristo é e quais implicações isso têm para a nossa vida. Como afirma Edwards:
“a fé para a qual Jesus apela é uma fé nascida da compreensão e discernimento. Os discípulos não são castigados por não crer, mas por não ver e não compreender”.

Conclusão

Como afirma Vanhoozer, “um discípulo é um convertido em movimento. Jesus se dedicou a fazer discípulos e fomentar seu crescimento, ajudando-os a amadurecer.” Apesar de sua fé insipiente, Cristo não desistiu deles.
Assim como Lúcia que caminhou com Aslam e a medida que ela crescia, Aslam crescia também, assim Cristo cresce em nós a medida que crescemos no nosso conhecimento sobre ele.
Nossa fé é amadurecida por meio do conhecimento, da experiência. Nossa oração é modelada pela teologia. Nossa confiança se torna mais consistente quando aprendemos a lembrar de quem Deus é e do que ele fez.
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