O rastro de Deus no mundo (Salmo 65)

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Introdução

Este salmo de Davi não traz qualquer indicação clara sobre a época em que fora escrito. Tratar-se de um cântico que apresenta louvor a Deus durante o período de colheita.
O salmo pode indicar que houve uma seca resultante de um juízo (v. 3 iniquidades; transgressões), agora uma bela colheita resultante da misericórdia. A resposta adequada do povo é o louvor àquele que ouve as orações: Deus salvador, criador e poderoso; Deis sustentador do mundo e abençoador na sua provisão.

Exposição

1) Louvor pela salvação.

- Versículo 1: Este é o louvor particular do povo de Deus (Sião). Há um louvor particular pois há uma graça particular: a graça salvífica (como vemos nos versos 2 e 3: Deus ouve a oração de iníquos e transgressores) . Este é o louvor fundamental - ainda que a colheita não exista e o pão falte. Percebemos, assim, que confiança e louvor são o que se espera a Deus em Sião. Há um silêncio que aguarda romper-se em cânticos na presença de Deus. Apesar de, enquanto povo, não jurarmos em nome de Deus, nosso coração está disposto a cumprir nossos votos diante dele: isto significa honrá-lo. Um louvor explícito em honra diária.
- Versículos 2 e 3: Há uma esperança missionária: a graça salvífica alcança em misericórdia qualquer pecador. A expectativa do salmista é de que os homens responderão à bondade de Deus vindo até ele: os pecadores, cônscios de seu estado, dirigiriam seus corações a Deus. E este Deus ouve as orações (v. 2), eles não serão rejeitados. Esta é a condição para se aproximar de Deus: o reconhecimento de seu estado pecaminoso. O pecado acompanha os fiéis até o túmulo (prevalecem as nossas transgressões), porém, confiam no perdão de Deus (tu no-las perdoas) e não numa carreira perfeita. Todos os que vem tornam-se povo.
- Versículo 4: Davi finaliza a alegria deste grupo distinto: os fieis. São bem-aventurados, alegres, abençoados pois Deus mesmo os escolheu e os aproximou para habitar com ele. A alegria é o estado daquele que vive na presença de Deus em meio ao seu povo (o teu santo templo: o local em que Deus visita seu povo). Ele não se refere aos levitas e sacerdotes, mas aos fieis: ele mesmo se insere entre eles (ficaremos). O templo de Deus é um convite à satisfação em sua bondade. É difícil entender “satisfeitos com a bondade da tua casa”. Como um casa tem bondade ou é bondosa? É a bondade ali revelada e presente na visita de Deus, na congregação do povo, no local de oferta, sacrifício, perdão, disciplina e salvação.

2) Louvor ao Deus salvador por sua criação e majestade.

Versículo 5: vemos aqui a indicação de que as bençãos relatadas nos versos posteriores (grandes feitos) estão conectadas a um clamor da parte do povo de Deus (respondes). O Deus que ouve as orações responde. Mas veja: responde em sua justiça. Lendo somente até aqui qualquer grande feito de Deus poderia ser destacado, especialmente o juízo. Porém, este Deus é nomeado salvador. Ressalta-se, portanto, não uma passividade de Deus - de um Deus apenas buscado, procurado. Mas de um Deus que ativamente salva e salva em justiça (Rm 3.26 “… para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus”). Ele não é meramente perdoador, mas um perdoador salvador. O Deus que resgata com forte mão o povo do Egito e do cativeiro dos seus pecados. Este Deus salvador é, portanto, a única esperança do mundo (confins da terra; mares longínquos).
Versículo 6 e 7: Podemos confiar em seu poder para salvar, visto que seu poder é revelado desde a criação: consolida os montes, cingido [revestido] de poder. O salmista evoca o que há de mais estável e consolidado, as montanhas, e diz: é Deus quem os firma. Figurativamente, Ele é a raiz dos montes. Há alguém mais inabalável que os montes: o Deus que os consolida - poder é o cinto dele. Os mares e as eram consideradas as forças mais caóticas do antigo oriente próximo, mas Deus os cala. Não há força caótica que não esteja debaixo do poder de Deus. Nem mesmos os povos em seus alaridos são fortes diante de um “basta” do Altíssimo.

3) Louvor pela sustentação e provisão de Deus

Versículo 8: o resultado de tamanha majestade é o temor e a alegria. Primeiramente, o temor reverente - é o silêncio diante da majestade. É a consciência de que Deus não é uma força impessoal, mas alguém tão belo, tão puro, tão santo e tão poderoso e tão bondoso, que todo pecador e toda a criação se dobra. É a reação diante do inigualável, do inalcançável, do indomável. É a surpresa assombrosa diante de seus grandes feitos (criação, sustentação, sabedoria, intervenção na história). Coisa que a Anitta e tantos outros, inclusive crentes, precisam aprender. Deus não é um moleque, nem nossos “pariceiros”. Ele é tremendo. Mas este temor anda de mãos dadas com a alegria - o temor de Deus gera alegria e júbilo em nós. Aqui o salmista destaca a alegria de todos os povos diante da providência de Deus, como veremos a seguir. O salmista inicia um desenvolvimento interessante de que o domínio de Deus é (legítimo) sobre todos as áreas da Criação. Há um desenvolvimento de que Deus deve ser louvado no sagrado (versos iniciais) mas também na criação e no trabalho. Há uma alegria que Deus concede em toda a terra e não somente aos crentes.
Versículos 9 e 10: Notemos os elementos destacadas até o final do salmo (terra, ribeiros, solo, pastagens, outeiros, campos, vales): aqui, propriamente, a terra é alvo da visita de Deus em providência. Ele enxerga a seara, a colheita, numa perspectiva mais ampla. Eu diria que é um louvor em ACV (Análise do Ciclo de Vida - ferramenta de estudo que analisa a vida do produto deste a exploração das matérias-primas ao seu descarte). Ele não olha somente para o pão na mesa: ele olha para Deus visitando a terra em chuvas, fertilizando o solo, enchendo os rios e preparando cuidadosamente o solo, preparando o cereal e abençoando a produção. A ótica de Davi é de uma sociedade agrícola - então ele vê mais imediatamente os produtos do campo como uma bênção de Deus. É inevitável pensar que Davi enxerga a vocação como um louvor a Deus e que é resultado da dádiva na natureza: o agricultor que prepara o solo para receber as chuvas, que planta a semente esperando a produção vingar. O trabalho de todos os homens depende da graça de Deus.
Versículos 11 a 13: o salmista olha para o fim das safras do ano - Deus abençoou e tudo foi farto. Quando Deus visita o seu povo com bondade o seu rastro é de fartura. Fartura emana das pastagens sobre os desertos. Note que a beleza da fartura é como um sorriso alegre da criação (“de júbilo se revestem”). Olha-se para os outeiros e se vê felicidade por causa do verde. A alegria é da criação - e ela é visível (exultam de alegria e cantam). A graça de Deus gera alegria na natureza, nos homens e na igreja.

Aplicações

1. Deus é salvador - é missionário.

Ele veio em busca de nós. Sua disposição não foi “Eles se quiserem que venham”. Não. O Deus tremendo veio em paz através de Seu Filho.

2 O que Deus espera encontrar na igreja e em nossas vidas?

A ti, ó Deus, o louvor é devido em Sião. Assim a NAA traduz o primeiro versículo deste salmo. Em Sião, o que aguarda a Deus é louvor. Devemos aprender que há um silêncio que aguarda romper-se em cânticos na presença de Deus. Trabalhamos durante a semana, e todo nosso trabalho deve ser uma expressão de louvor a Deus. No entanto, o trabalho trilha e prepara a expectativa do louvor particular a Deus no domingo junto do povo de Deus. Não louvamos a Deus colocando música gospel no trabalho, mas honrando em tudo que fazemos. Porém, essa honra em sujeição a Cristo vai enchendo o coração dos crentes até transbordar no culto público.

3 A igreja é a morada da bondade.

Veja: Onde Deus habita em meio ao seu povo é a morada da bondade. No seio da igreja é onde a graça de Deus habita de forma especialmente viva. Olhamos para nós e para o lado e vemos tamanho amor de Deus em amar pessoas tão indignas de Seu amor. A bondade de Deus transborda aqui ao olharmos para o lado: a salvação do irmão, a cura recebida e testemunhada, o livramento recebido, a força derramada, o pecado vencido, os sonhos compartilhados, os relacionamentos fortalecidos. Olhamos para nós e vemos o que Deus faz apesar de nós. Isso é bondade. Bondade é o nome desta casa.

4 Precisamos aprender a louvar a Deus pelas vocações e profissões

Agradecemos pela vida do padeiro que faz a comida que não sabemos ou não temos tempo para fazer? E a roupa que não teríamos como costurar? E a estilista que desenhou? O design que pensou na beleza do computador? No funcionário público por quem Deus exerce justiça? No navegador que permite que mercadorias cheguem ao locais mais distantes da terra? No engenheiro que faz uma moto que permite com que alguém vá para a missão no final da tarde e no início da noite já esteja de volta para ministrar na igreja? Lembremos que Jesus teve profissão. Deus escolheu enviar seu filho para ser um trabalhador, em empreendedor de seu tempo. Um artesão, um artista. Ele glorificou ao Pai desenvolvendo o fruto da terra. A graça comum de Deus providencia recursos para que pessoas possam desenvolver conhecidos e novos talentos que facilitam nossas vidas. Um coração grato nos permitirá até utliza-los da forma apropriada.

5 Onde a alegria da criação está na cidade?

Davi consegue olhar para os campos e ver o pasto sorrir. Consegue olhar para os campos e vales e ver alegria e coros. Qual fartura nós, indivíduos urbanos, podemos enxergar e ver júbilo nelas e louvarmos a Deus por isso? A comida trazida pelo entregador? A diversidade de cores e modelos de roupas? Dorama? Boas séries e filmes? Aquele ótimo disco de música? A tecnologia? O que conseguimos olhar e notar que há um sorriso escondido?
SDG
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