Gênesis 28.10-22

Série expositiva no Livro de Gênesis  •  Sermon  •  Submitted
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O autor apresenta as revelações messiâncias que embasam a fé dos patriarcas, como sendo a base sobre a qual repousa as promessas da redenção, e portanto, impulsionam a fé de todos os eleitos de Deus a confiarem no Filho de Deus, Cristo, como o único meio de conexão entre Deus e seu povo.

Notes
Transcript
“Este é o livro das gerações ...” (Gênesis 5.1).
Gênesis 28.10-22
Pr. Paulo Ulisses
Introdução
Após o episódio em que Jacó inicia sua jornada debaixo da bênção de Deus, seguindo para uma terra estranha, a fim de tomar de lá esposa para si; esposa que professasse a mesma fé de seu pai e avô: no Deus que se revelara a ele, prometendo-lhe herdar uma pátria celestial e redenção através de seu descendente (i.e. Cristo), o autor, confirmando essa perspectiva, passa a relatar as experiências de Jacó em seu trajeto.
Ao longo da saga patriarcal, vemos os personagens serem submetidos à um padrão através do qual se defrontam com as referências redentivas, proporcionadas por Deus para fortalecer e consolidar sua fé, expondo-os à menção messiânica que encerra todas as promessas anteriormente feitas. Ao nos reportarmos para o início da saga abraâmica, vemos a referência ao Descendente prometido, por ocasião da repetição da apresentação de Deus à Abraão, em Gênesis 12.7: "Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR que lhe aparecera". Textos como Gálatas 3.16, lançam luz sobre o teor do que está sendo dito nesta ocasião, de que na verdade, embora a ideia de descendência contenha inevitavelmente o princípio da participação de todo o povo de Deus como beneficiário das promessas, o ponto focal do texto faz referência "ao Descendente" (cf. Gn 12.7 - Gl 3.16), destacando o Messias - Cristo - como o personagem central não somente da saga abraâmica, mas de toda a história redentiva.
Isaque, de igual forma, experimentou a confirmação desse teor redentivo-messiânico em sua própria jornada, tanto ao ser substituído como sacrifício no altar do monte Moriá (Gn 22) (embora o foco do episódio tenha sido o fortalecimento da fé de Abraão), onde um cordeiro, que fazia referência ao próprio Filho de Deus, não seria poupado para resgatar a descendência espiritual do patriarca (Hb 11.19) , quanto por ocasião da entrega (simbólica) da terra de Canaã a ele, e do momento em que o SENHOR lhe prova sua fidelidade ao guiá-lo por um trajeto abençoado, em que logra êxito frente aos adversários, por causa daquilo que o Criador havia dito ao seu pai Abraão, e também quando, pela fé, abençoou Jacó (ainda que desejando evocar o favor divino sobre Esaú), expondo sua fé na graça divina de, por meio de um descendente, adquirir a obtenção das promessas do Todo-poderoso (Hb 11.20).
É então chegado o momento em que Jacó deverá deparar-se com a teofania que se encarregará de introduzi-lo ao centro da história messiânica, a fim de contemplar de perto a razão e fundamento da fé de seu pai e avô em YHWH como seu Redentor. A narrativa prepara o cenário para o primeiro encontro de Jacó com o Deus de seus pais. O autor estrutura a narrativa a fim de demonstrar aos seus leitores, o progresso do projeto salvador do Criador na vida dos patriarcas, conectando Jacó a todo o povo de Deus, como procedentes deste pai da fé, e monstrando-os consequentemente, que são herdeiros das mesmas promessas.
À luz disso, a tese central do texto de Gênesis 28.10-22 é a confirmação do plano redentivo através da revelação mediadora do Messias.
Elucidação
Moisés elabora a argumentação da narrativa a fim de exortar o povo de Israel quanto à um princípio específico que fundamenta as promessas que o próprio povo recebera de Deus. Sendo o povo eleito do SENHOR, Israel certamente estava ciente de todas as benesses que gozaria ao depositar sua confiança em Deus: prosperidade na agricultura, fartura de mantimento, longevidade, proteção e etc. Porém, todos esses benefícios são apenas complementos da centralidade do que Deus realmente estaria fazendo para com sua criação e seu povo: a restauração proposta e executada pelo SENHOR garantia ao povo o usufruto da comunhão com o Deus Triuno, sendo restaurados à sua presença, através da purificação do pecado, e a derrota da oposição ao Reino dos céus.
O marco fundante dessas promessas redentivas sempre foi o Messias; aquele que promoveria essas ações divinas. O relato da presente seção configura-se num esforço do autor em rememorar esse princípio, a fim de que, ademais de todas as bênção que Israel desfruta, sua fé concentre-se em crer naquele que une Deus e seu povo: o Messias, a Escada para casa de Deus (cf. Gn 28.12).
A noção redentiva abordada por Moisés no texto será referenciada por meio da saga de Jacó no relato de sua visão: uma teofania, em que o próprio Deus se apresenta como sendo "o Deus de Abraão, teu pai, e Deus de Isaque" (v. 13). Essa expressão, acrescida pela menção à Jacó, será posteriormente usada como referência à Aliança feita com esses três patriarcas, como é o caso de Êxodo 3.6. Através dessa referência, os autores bíblicos rememoram os feitos do SENHOR em relação àquilo que havia sido prometido por ele outrora, especialmente no que tange a salvação.
Assim, ao se apresentar dessa forma a Jacó, o SENHOR já estaria se colocando como sendo familiar ao patriarca, devido tudo que ocorrera com seus pais: o Deus que fora providente tirando Abraão de sua terra, de sua parentela, guiando-o à terra de Canaã (terra que lhe prometera por possessão, símbolo do que faria futuramente com o envio do Messias), e que havia usado de mesma misericórdia com Isaque, fazendo ser beneficiado com a mesma benção, agora guiaria a jornada de Jacó, debaixo da mesma compreensão: Assim como Deus havia sido com seus pais, agora seria com ele, princípio que fica evidente a partir da continuação das palavras do SENHOR a ele:
"A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como o pó da terra (cf. Gn 13.15-17); estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em tu e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra (cf. 12.3) (Gn 28.13b-14)".
Todas essas informações são concedidas a Jacó através de sonho, cuja introdução figura a conexão entre o céus e a terra (i.e. uma escada), isto é, entre o divino e o humano, apontando para intervenção redentiva do Criador na história, não por meio de quaisquer ações indiretas, mas através da imersão do SENHOR no tempo e espaço, executando sua vontade perfeita.
A apresentação teofânica neste texto, diferentemente das outras ocorrências nas históricas patriarcais, é feita de maneira mais clara ou direta. À luz do texto de João 1.51, entendemos que o que Jacó vê é uma prefiguração ou representação da Segunda Pessoa da Trindade, que, assumido a natureza humana, proporcionará a verdadeira ligação entre Deus e seu povo: o Deus-homem realiza o intento salvífico, tornando real a ponte através da qual seu povo poderia novamente voltar para Deus.
A especificidade dessa revelação à Jacó, confere a ele o apogeu das revelações messiânicas aos patriarcas (ainda que de maneira embrionária, dado o caráter progressivo da revelação ainda estar em andamento) que, como dito anteriormente, embasam a fé dos patriarcas e de todo o povo eleito do SENHOR, assegurando-lhes o cumprimento da salvação. A cristofania concedida a Jacó lhe serve de apólice: se de maneira tão clara e vivaz o Criador mostrou-lhe o futuro, quando o Descendente Prometido baixaria do céu, de sua condição de glória e majestade, para fazer voltar ao SENHOR o seu povo, tão vivaz e claro era a promessa que lhe garantia o usufruto da herança abraâmica, cláusula que aparece na própria narrativa:
Gênesis 28.15 RA
Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido.
Se as revelações desses mesmos princípios foram concedidas a Abraão e Isaque de maneira paulatina, isto é, foram pontual e progressivamente informados quanto aos planos soberanos, a Jacó, toda ou pelo menos grande parte dessas mesmas revelações, foram concedidas de uma vez, apontando para a intensidade daquilo que significavam, pois Jacó não vira referências indiretas, como foi o caso de Abraão e sua experiência no monte Moriá, quando contemplou um cordeiro preso entre os arbustos, Jacó vira aquilo que Natanael contemplou, porém de maneira figurada: a escada dos céus: Cristo Jesus.
No Novo Testamento, vemos o uso dessa passagem pelo apóstolo João em seu evangelho, quando narra o chamado de Jesus à alguns discípulos. Ao deparar-se com Natanael, Felipe declara-lhe que havia encontrado "aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiam os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José" (Jo 1.45). A referência feita por Felipe é usada pelo redator para confirmar a identidade do Messias, que vem elaborando desde o versículo 1, quando demonstra ser Cristo o Verbo encarnado e eterno de Deus (Jo 1.1), isto é; Cristo é Deus de Deus, habitava junto a Deus na eternidade, e havia vindo ao mundo para, mediante seu poder, conceder que todo o que nele crer (também mediante seu próprio poder) seja feito "filho de Deus" (Jo 1.12).
De maneira cética, dada a referência quanto a origem do Messias, Natanael - parecendo não recordar-se das profecias do AT que indicavam que o Cristo deveria vir de Judá, mais especificamente de Belém, na terra de Nazaré da Galiléia - ironiza a informação dada por Felipe. Ao encontrar-se com Cristo, e após receber a saudação deste, Natanael estranha o contato repentino e "intimo" do Senhor Jesus, ao que o Senhor lhe responde, revelando informações que eram de domínio privado:
João 1.47–48 RA
Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.
O aparente conhecimento de Cristo, que parecia antes estranho, ao afirmar algo a respeito da moralidade de alguém, fora agora explicado: somente um ser poderia ter tamanho conhecimento, ao ponto de esquadrinhar o coração de um homem, conhecendo-lhe os pensamento e as ações: Deus. Natanael estava diante daquele que como SENHOR e Deus, conhecia todas as coisas, e o fato de vê-lo também lhe confirma que o momento da redenção havia chegado: Deus havia finalmente enviado o Messias prometido, a fim de executar a salvação, fato que é exposto pelo narrador através da própria resposta da Natanael à afirmação de Cristo: "Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! (Jo 1.49).
Nesse momento, Cristo confirma as palavras proferidas pelo discípulo, fazendo-o ver que de fato ele era o Messias. Para isso, o Senhor conecta-se ao relato de Gênesis 28.12:
João 1.50–51 RA
Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.
A visão de Natanael e de Jacó fundem-se num mesmo horizonte revelacional que é usado pelo evangelista a fim de expor a realidade evidente: a escada para a Casa de Deus, Jesus Cristo, havia aparecido no cenário da história. Todas as promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó estavam sendo plenamente cumpridas, e portanto, todas as bênçãos proferidas sobre os patriarcas seriam usufruídas por aqueles que contemplassem a Cristo da mesma forma como Jacó e Natanael contemplaram: a porta da salvação.
No momento em que desperta do sonho, Jacó demonstra estar cônscio das realidades expostas a ele:
Gênesis 28.16–17 RA
Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E, temendo, disse: Quão temível é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus.
O teor das promessas e palavras proferidas a ele lhe provocaram um temor, que é concentrado na figura de Deus: Jacó não teme as promessas ou seu teor, mas a figura que lhe havia exposto planos tão grandes, que remetiam inclusive ao passado do próprio patriarca, quando o conecta a seus pais.
A reação do patriarca também é usada pelo autor como referência às mesmas posturas adotadas por seus pais: Em Gn 12.7, após o SENHOR confirmar a Abraão as promessas feitas, tendo se apresentado a ele, o patriarca "edificou um altar ao SENHOR que lhe aparecera". Isaque, logo depois de ter também sido agraciado com a contemplação do Criador, "levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do SENHOR, armou a sua tenda [...]" (Gn 26.24-25). Da mesma forma Jacó, frente a tão poderosa revelação da grandeza e majestade do Deus de seus pais que lhe aparecera, erige uma coluna ungindo-a com azeite, num rito de consagração daquele local como pertencente ao SENHOR, e lhe faz um voto através do qual também assume a mesma fé de Abraão; de reconhecer em Deus o único Rei a quem deve obediência, comprometendo-se em servir ao SENHOR, usando como símbolo disso, a promessa de entregar-lhe o dízimo.
Na seção em que os votos feitos por Jacó são narrados, encontramos uma referência ao momento em que Abraão depara-se com Melquisedeque, após ter vencido 4 reis numa campanha militar para resgatar Ló, que fora mantido como prisioneiro destes (Gn 14.20).
Essa referência serve de conector com a perspectiva redentiva que o autor vem abordando. O ponto central dessa menção encontra paralelo no momento em que Abraão recebe de Melquisedeque a bênção do SENHOR, que antecede, por sua vez, o momento (Gn 15) em que o próprio Deus fará aliança com ele prometendo-lhe a possessão da terra e a redenção. Agora, essa mesma iniciativa de Jacó, de entregar ao SENHOR dízimo de tudo quanto fosse concedido (Gn 28.22), liga-se àquela postura de Abraão, demonstrando a fé de Jacó em reconhecer a Deus como o Rei que lhe concede a posse de suas terras, e que é digno de sua devoção e adoração.
Transição
Por estar na Casa de Deus, isto é, na terra que sob juramento (tendo como fiador a si mesmo (Hb 6.13-19)) o SENHOR prometeu conceder aos patriarcas como referência da Nova Terra que herdariam por meio do Messias, Jacó viu a única via possível que o permitiria - bem como a todo o povo de Deus - estar na presença do Todo-poderoso: Cristo, a escada que nos eleva ao Pai, tendo ele mesmo, em primeiro lugar, descido de lá até nós, baixando à nossa condição miserável, e depois, como nosso Sumo Sacerdote, adentrando o véu (Hb 12.19-22), obtivemos acesso à Majestade, e agora desfrutamos de todas aquelas bênçãos prometidas aos patriarcas.
Gênesis 28.10-22 é uma das apoteóticas visões que podemos ter de Cristo no Antigo Testamento, nos conclamando a desfrutar a grandeza de sua revelação como nosso mediador, inspirando em nós o desejo por atender sua vontade, por meio da observação de alguns princípios.
Aplicações
1.A base da nossa fé não são as promessas, ou as bênçãos que delas procedem, e sim, Cristo e a redenção.
Apesar de o SENHOR sempre ter prometido grandes feitos aos patriarcas, a fé deles não estava posta sobre a mera obtenção de bens, riquezas, fama ou coisa parecida. O texto nos demonstra que o fundamento da fé dos antigos era a esperança de deparar-se com o Messias, e por meio dele, tomar parte na redenção.
Ao longo destes 28 capítulos, nós temos visto quantas coisas fez o SENHOR desde a criação: demonstrou seu poder e governo sobre todas coisas; seu juízo perfeito contra o pecado - livrando inclusive seus filhos deste mesmo juízo -, etc. Entretanto, quaisquer palavras, promessas, declarações ou expressões, são apenas referências para aquelas revelações com que nos deparamos, que apontam para a promessa de recebermos, pela fé, a salvação executada em Jesus Cristo, o Descendente prometido a Adão e confirmado a Abraão.
Assim como Jacó recebeu como fortalecimento para o início da sua jornada, a visão da glória de Deus em seu Filho, e o povo de Israel foi exortado por Moisés a concentrar-se na base do pacto da graça do qual desfrutavam ricas bençãos, qual seja: o Messias, da mesma forma nós, precisamos rememorar que o alento que temos de que receberemos todas as promessas feitas e registradas na Escritura para os filhos de Deus, repousa sobre a graça de termos recebido o Filho de Deus como nosso único Redentor.
Nossa esperança não repousa em obtermos da parte de Deus quaisquer tipos de bênçãos materiais, embora, desfrutemos abundantemente delas em alguns momentos de nossa vida. Nossa fé está em Cristo: em vê-lo, em senti-lo por meio de seu Espírito, que fortalece nossa fé todos os dias, mediante os meios de graça, para que possamos suportar a espera por seu retorno glorioso quando publicará seu Reino, e demonstrará ao mundo seu favor gracioso para conosco.
Contemplar Cristo nestas páginas que temos analisado, certamente é uma dádiva reservada aqueles que subiram à presença de Deus pela escada que ele baixou do céu para nós (cf. v.13 "estando ""נִצָּ֣ב עָלָיו֮"" = "sobre ela"), e agora, sendo contemplados por anjos, caminhamos assim como Jacó para o momento em que não somente nos encontraremos com ele, mas permaneceremos em sua presença para sempre.
2.Nossa fé em Cristo deve gerar em nós temor para adorarmos ao Deus Triuno, guardando seus mandamentos.
Ao contrário da "liberdade e emocionalismo" que o evangelicalismo atual propõem, ao estar na presença de Deus, contemplando a prefiguração do Messias, Jacó temeu (v. 17). A fé gerada em seu coração o fez perceber que estava exposto à presença do Criador, e assim, a única resposta adequada requerida era a de adorá-lo reverentemente, erigindo uma coluna que representava o pertencimento daquele local a Deus.
Da mesma forma, a contemplação de Cristo mediante as Escrituras e os outros meios de graça (incluindo este culto, neste momento), não pode fomentar outra coisa em nosso coração, senão um profundo temor a Deus. Este temor não é o receio de aproximar-se dele ou de ter contato, pois, a passagem demonstra a evidente vontade divina de habitar junto ao seu Povo. Entretanto, o temor gerado em um coração que fora regenerado para contemplar Cristo, resulta numa prontidão em obedecer as ordens do Criador.
Apesar de parecer uma condicional (cf. "Se (hb. "אִם") o SENHOR for comigo" (v. 20), na verdade, a intenção de Jacó no texto é a de corresponder ao juramento que estava sendo feito por Deus com ele. Assim, poderíamos entender melhor a expressão a partir da seguinte tradução: "[tendo em vista o juramento do SENHOR], cumprindo ele sua palavra... então o SENHOR será o meu Deus (v.21)...". Essa colocação reflete a fé que Jacó agora dispunha, colocando-o ao lado de seus pais, fazendo enxergar seu pertencimento à linhagem santa.
Da mesma forma, essa convicção de fato, deve nos levar ao comprometimento de nos devotarmos ao SENHOR, colocando-o acima de todas as coisas em nossas vida, pois tendo sido redimidos por Cristo Jesus, passamos a pertencer ao Deus Triuno, para servi-lo e adorá-lo.
Conclusão
Comentando a mediação feita por Cristo, no texto prefigurada pela visão da escada, Calvino comenta:
[...] É tão somente Cristo que une o céu e a terra; ele é o único Mediador que sustenta o céu e a terra. Ele é o meio através do qual nos flui a plenitude todas as bênçãos celestiais, e através da qual nós, por nosso turno, subimos a Deus" (CALVINO, 2019, p.121-22).
O texto de Gênesis 28.10-22 exibe para nós a gloriosa obra redentiva anunciada aos antigos patriarcas, e hoje, à nós: o fundamento da fé é Cristo, aquele por meio de quem obtivemos o cumprimento da promessa: a salvação e restauração dos eleitos à presença de Deus.