O Sermão do Monte: Os que choram

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Os que se arrependem dos seus pecados, lamentam, serão consolados.

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Sermão do Monte: Os que choram

Mateus 5.1–4 RAStr
1 Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos;2 e ele passou a ensiná-los, dizendo: 3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. 4 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Vimos na semana passada que se pudessemos resumir o sermão da montanha, nós poderíamos dividí-lo em três partes:
Na primeira parte Jesus fala dos cidadãos do reino (Mt 5.12-16), Ele:
Descreve o caráter destes cidadãos;
Descreve as bem-aventuranças (Mt 5.2-12);
Descreve a relação deles no mundo (Mt 5.13-16) - eles são o sal e a luz do mundo.
Na segunda parte Jesus apresenta a justiça do reino, o alto padrão de vida exigido pelo Rei (Mt 5.17-7.12);
Na terceira parte Jesus conclui com uma ardente exortação a que se entre no reino (Mt 7.13-27). Ele descreve:
O início do caminho (Mt 7.13,14);
O avanço do caminho (Mt 7.15-20);
O fim do caminho (Mt 7.21-27) - contrastando o que acontece com os que simplesmente dizem com os que fazem.
Nas bem-aventuranças nós vemos como os discípulos de Jesus, ou, os súditos do reino, são distintos das demais pessoas do mundo, pois eles possuem:
VERDADEIRA ALEGRIA
UM CARÁTER SEMELHANTE AO DO SEU SENHOR
BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS
Na semana passada vimos a primeira marca do caráter do súdito do reino que é a "humildade de espírito", hoje olharemos com mais atenção para a segunda marca, O LAMENTO. Jesus fala sobre:
OS QUE CHORAM
Os homens do mundo jamais considerariam o lamento como uma bem-aventurança. Bem-aventurado, dizem eles, os que riem e saltam de alegria. Mas os que chora? Não, esses não poderiam, jamais, ser verdadeiramente alegres. O choro deve ser escondido e evitado.
Concordo com Lloyd-Jones quando ele diz que:
"A filosofia do mundo estipula o seguinte: Esqueça-se das suas dificuldades, volte as costas para elas e faça tudo quanto estiver ao seu alcance para não ter de enfrentá-las. O mundo opina: As coisas já são bastante ruins para que a gente ainda fique procurando tribulações; assim sendo, seja tão feliz quanto lhe for possível. A organização da vida, em todos os seus aspectos, a mania pelos prazeres, a busca pelo dinheiro, a energia e o entusiasmo despendidos na tentativa de entreter as pessoas, são apenas outras tantas expressões do grande alvo do mundo, isto é, evitar essa ideia da necessidade de chorar, essa atitude de quem se lamenta". (Lloyd-Jones, David Martyn. Estudos no sermão do monte . Editora Fiel (www.editorafiel.com.br). Edição do Kindle).
A quem ele está se referindo aqui? Seria a todas as pessoas que vertem lágrimas? É claro que não! A ideia universalista de que Deus salvará a todos e enxuragará dos olhos as lágrimas de todos não é, nem de perto, bíblico. O ensino bíblico é claro sobre a condenação dos ímpios e como todos os que rejeitam a Cristo como Senhor de suas vidas sofrerão penalidade de eterna destruição e serão banidos da face do Senhor (2Ts 1.1-10).
Na Bíblia encontramos alguns tipos de lágrimas:
LAGRIMAS DE CONDENAÇÃO
2Coríntios 7.10 RAStr
10 Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.
De forma alguma podem ser considerados bem-aventurados os que lamentam porque os seus desejos não foram realizados. Os que se julgam deuses e acham que tudo deve girar em torno das suas ambições egoístas, jamais alcançarão a alegria de ter os seus pecados cobertos.
Pentecost nos lembra que "após terem os filhos de Israel vivido pela fé e visto Deus suprir-lhes o pão de cada dia durante dois anos, "O populacho, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e também disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná" (Números 11:4-6). O povo chorou, mas as lágrimas expressavam desejo de coisas que satisfaziam à carne".
LÁGRIMAS DE CONTRIÇÃO
UM LAMENTO PELOS PRÓPRIOS PECADOS
Hendriksen (2010, volume 1, p.333) diz que:
Mateus, Volumes 1 e 2 A Segunda Beatitude

bem-aventurada é aquela pessoa que, tendo dito: “Eu aqui pereço de fome”, prossegue dizendo: “Pai, pequei contra ti”. As pessoas choram por muitas razões: enfermidade, dor, luto, perda material, orgulho ferido, etc. No presente contexto, contudo, o que se vê é um tipo de choro basicamente diferente. É o pranto daqueles que reconhecem sua bancarrota espiritual (primeira beatitude) e sentem – ou em breve vão sentir – fome e sede de justiça (quarta beatitude) – eis a ênfase aqui.

"A tristeza piedosa faz a alma olhar para Deus" (Hendriksen, 2010,p.334). Gosto quando Spurgeon diz que estes que choram estão num nível superior, embora pareçam estar em um nível infeior, pois a melhor maneira de subir ao reino é descer em nós mesmos.
Não houve lágrimas tão quentes como as de Pedro. No capítulo 22 de Lucas, nosso Senhor predisse que antes de cantar o galo, Pedro o negaria três vezes. Após a negação, "voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje três vezes me negarás, antes de cantar o galo. Então Pedro, saindo dali, chorou amargamente" (vv. 61-62). Não há tristeza mais profunda ao filho de Deus que ofender Aquele que o amou até à morte. Não há tristeza igual à do amor ofendido.
UM LAMENTO PELOS PECADOS DOS OUTROS
Não é necessário, contudo, limitar esse choro ao que ocorre em virtude dos próprios pecados individuais de uma pessoa: aqueles pelos quais pessoalmente ofendeu a Deus. Esse tipo de tristeza pode ser deveras pungente (Sl 51.4). O regenerado aprende a amar a Deus de tal forma que começará a chorar diante de “todas as obras ímpias que os ímpios têm cometido de uma forma muito ímpia” (Jd 15). O seu pranto, pois, está centrado em Deus, não no homem.
Salmo 119.136 RAStr
136 Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.
Esdras 10.6 RAStr
6 Esdras se retirou de diante da Casa de Deus, e entrou na câmara de Joanã, filho de Eliasibe, e lá não comeu pão, nem bebeu água, porque pranteava por causa da transgressão dos que tinham voltado do exílio.
Daniel 9.19–20 RAStr
19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome. 20 Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o pecado do meu povo de Israel, e lançava a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus.
Quando nosso Senhor contemplou Jerusalém, diz Lucas 19:41 que ele chorou. Tais lágrimas se deviam à necessidade espiritual daqueles aos quais ele amava.
LÁGRIMAS DE DEVOÇÃO
As lágrimas podem ser um sinal de devoção. Lucas 7:37-39 conta de uma mulher que entrou na casa do fariseu onde Jesus se encontrava, levando um vaso de alabastro com ungüento. Chorando aos seus pés, começou a lavá-los com as lágrimas e enxugá-los com os cabelos. Beijou-lhe os pés e ungiu-os com ungüento. Admirado o fariseu de que Cristo recebesse a adoração desta pecadora, Jesus disse que era porque muito lhe fora perdoado. O perdão que ela havia recebido gerou uma devoção que se expressava não apenas na dádiva do ungüento, mas também no precioso dom das lágrimas. Essas eram lágrimas de devoção.
LÁGRIMAS DE PROVAÇÃO
2Coríntios 4.16–18 RAStr
16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia.17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,18 não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.
O Senhor Jesus sabia que os seus discípulos enfrentariam perseguição por causa do Seu nome. Ele os preparou para essa realidade. No mundo, aqueles que não são do mundo, passarão aflição. Serão perseguidos por causa da justiça.
Inúmeor irmãos nossos já sofreram e ainda sofrem por se declararem cristãos e defenderem a sua fé.
Qual é a bênção prometida pelo Rei ao seu súdito que chora?
A benção espiritual que alcança aquele que lamenta pelos seus pecados e pelos pecados dos outros está na certeza de que o Senhor lhes dará consolo. Esse consolo pode ser dividido em duas partes:
CONSOLO IMEDIATO E PESSOAL: É aquele consolo que Deus dá, imediatamente no presente, por meio do perdão completo dos pecados por meio da fé em Jesus Cristo.
Pentecoste no leva a lembrarmos da experiência de Davi. Diz ele:
"Pense na experiência de Davi, no Salmo 32:3-5: "Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado."
As palavras de confissão de Davi encontram-se no Salmo 51:
Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim... Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação, e sustenta-me com um espírito voluntário (vv. 1-3, 10-12).
Depois de feita a confissão, no Salmo 32 Davi clamou:
"Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade, e em cujo espírito não há dolo" (vv. 1-2).
Davi havia vertido lágrimas de solidão, rejeição, frustração e derrota, mas ele verificou que "Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados".
Deus é quem perdoa, liberta, fortalece e acalma:
Salmo 30.5 RAStr
5 Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira. Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.
Salmo 50.15 RAStr
15 invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.
Isaías 55.6–7 RAStr
6 Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.7 Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.
Miquéias 7.18–20 RAStr
18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia.19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.
Mateus 11.28–30 RAStr
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
Eclesiastes 7.3 RAStr
3 Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.
CONSOLO FUTURO E MUNDIAL: O mau será punido e o nome de Deus santificado.
A esperança do consolo futuro ajuda-nos a suportar as aflições do presente:
2Coríntios 4.17–18 RAStr
17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação,18 não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.
Romanos 8.28 RAStr
28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
Esse consolo se encontra sumariado no Dia do Senhor 1 do Catecismo de Heidelberg:
"Pergunta: Qual é o seu consolo tanto na vida como na morte?"
"Resposta: Que eu, de corpo e alma, tanto na vida como na morte, não pertenço a mim mesmo, mas pertenço ao meu fiel Salvador Jesus Cristo que, com o seu precioso sangue, fez plena satisfação por meus pecados e me livrou de todo o poder do diabo, e de tal maneira me guarda que sem a vontade de meu Pai celestial nem um só cabelo de minha cabeça pode cair; antes, é necessário que todas as coisas sirvam para a minha salvação. Por isso também me assegura, por meio de seu Espírito Santo, a vida eterna, e me faz pronto e disposto a viver doravante segundo a sua santa vontade".
Essa segurança consoladora pode ser vista em:
2Timóteo 1.12 RAStr
12 e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.
2Timóteo 4.7–8 RAStr
7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.
Apocalipse 17.14 RAStr
14 Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.
Apocalipse 19.7 RAStr
7 Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou,
Spurgeon nos lembra que "aqueles que sorriem se lamentarão, mas aqueles que estão tristes cantarão. A nossa tristeza abre espaço para o Senhor nos consolar. Nossas dores são abençoadas, pois elas são os nossos pontos de contato com o Consolador divino". (Spurgeon. Charles H. O Evangelho Segundo Mateus: a narrativa do Rei. Tradução de Willian Teixeira Pedrosa, CAmila REbeca Vieira de Almeida. São Paulo: Hagnos, 2017, p.67)
Conclusão:
O nosso Senhor é um colecionador de lágrimas.
Apocalipse 21.4 RAStr
4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
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