O justo diante da maldade (Salmo 52)

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Introdução

Contexto: Doegue, o edomita, contou a Saul que Davi entrou na casa de Abimeleque (1Sm 21.1-7; 22.7-23*). É um dos episódios mais dolorosos para Davi, debaixo da perseguição de Saul. Maldade, mentiras e o desonroso exercício do poder afligem Davi, os sacerdotes e as família de toda uma cidade.
Davi, então, nalgum momento ministra este salmo, um salmo didático (masquil) para estes momentos, com um propósito de ensinar como o justo deve esperar no Senhor diante da maldade, confiando em sua misericórdia e sabendo que Deus, o reto juiz, dará fim aos maus e largueza aos piedosos.

Exposição

1. Parte 1: palavras aos maus e às suas maldades (1-4)

52.1 Já fica bem claro o perfil da maldade que Davi descreve: não somente impenitente, mas que se gaba. É uma maldade que faz mal uso da língua. Esse primeiro uso ímpio erra o alvo: louva (halal/הלל) a maldade (Sl 10.3).
Há um contraste flagrante: a maldade é provisória. Ela é o poder do homem; A bondade/lealdade é eterna. De certa forma, ela o poder de Deus. O salmista descreve o ímpio como um homem poderoso (gibbor/גִּבּוֹר), poderoso por confiar nas suas riquezas (v. 7). Ele é poderoso com palavras - ainda que seja um simples “chefe dos pastores do rei”.
Aparentemente, o salmista está sendo sarcástico. É o próprio homem e os homens ímpios que se julgam poderosos. Deus irá destruí-los (v. 5). Quem louva o mal age contra Deus.
52.2 Davi então prossegue sobre o mal uso da língua. Ela urde/tece “planos de destruição/desastres/calamidades**” (objetivo), é um instrumento de perigosíssimo tal qual uma “navalha afiada” (instrumento) e praticante (faz/manufatura) de enganos (caráter).
52.3, 4 Observemos o paralelismo: amas//prefere, o mal//mentir. O mal ao invés do bem, mentir ao invés de falar justamente. Mentir ressalta o engano, a falsidade e as “palavras devoradoras***” (v. 4) da língua, finalmente chamada de “fraudulenta”. Tanto no verso 3 como no verso 4 há uma ênfase: o amor pelo mal. Os pecadores não apenas praticam a maldade, mas eles amam o mal (Sl 4.2, Is 5.20, Mq 3.2).
**, *** vejamos se não são as palavras de Doegue, que se deleita palavras que causam a destruição da vida de outras pessoas?

2. Parte 2: a confiança no juízo de Deus (v. 5)

52.5 Há um poder na boca do justo: ele vem tecendo o parecer de Deus desde o verso primeiro. Confiantemente o salmista diz ao ímpio que Deus irá julgá-lo.
Primeiro, o juízo é temerário pois é definitivo (“destruirá para sempre”). Depois porque toda fonte de confiança do ímpio lhe será tirada. O ímpio também é [deveria ser] mordomo. Assim, o juízo implica na desapropriação. Por fim, como diz um twitter muito famoso, “você morrerá um dia”/“you will die someday”. Davi ensina ao povo que os poderosos podem até ter muita coisas nas mãos, mas o dia da morte está nas mãos de Deus. Parece que o salmista inverte a ordem. Ao invés de morte, prejuízo e destino eterno, ele começa com a mais terrível sentença: a morte eterna.

3. Parte 3: a resposta do justo (v. 6-7)

52.6 É interessante como o salmista ensina que o temor do Senhor e alegria podem estar juntas. Elas não são excludentes. Os justos temerão e se alegrarão.
Temerão porque o pecado é coisa séria e Deus não os deixará impunes. Temerão pois não temos como dimensionar o peso de estar debaixo da ira de Deus [nosso amado suou sangue de imaginar o que seria tomar do cálice da ira de Deus].
Se alegrarão pois verão Deus executando seu justo juízo, o nome do Senhor sendo honrado e quão tremenda foi a sua salvação. Enquanto os ímpio se gabam no inimigo, que desagrada a Deus, eles se alegram com o julgamento justo de Deus. O julgamento de Deus valida a confiança dos justos em Deus, que esperam nele, não se vingam e não se regozijam na desgraça terrena (Pv 24.17,18).
52.7 Davi então descreve o tipo de pessoa que os justos testemunharão no juízo: os linguarudos confiaram nos seus bens e na sua perversidade. Para nos tornarmos inimigos de Deus basta desviarmos a alvo da nossa fortaleza e confiança e nos gabarmos [vanglória pelos distintivos nacionais era um dos pecados dos judeus na época de Jesus] em qualquer outra coisa que não em Jesus Cristo.

4. Parte 4: a confiança do justo (v. 8-9)

52.8 Davi apresenta agora outra descrição: a dos justos. Ao contrário do ímpio, o estado do justo é como uma oliveira verdejante (florescente, frondosa) na Casa de Deus [não numa tenda]. A sua confiança não está em nada senão na misericórdia de Deus que dura para sempre. É por isso que os justos são destacados, pois confiam na misericórdia de Deus.
“A misericórdia de Deus é um encorajamento para espíritos abatidos; uma unção de ouro para feridas que sangram; uma atadura celeste para ossos quebrados; uma carruagem real para pés cansados; e, um abraço de amor para corações trêmulos. A misericórdia de Deus é abundante. Milhões já a receberam. Contudo, em vez de se esgotar, ela continua tão nova, tão repleta e tão espontânea como sempre o foi. Esta misericórdia é infalível, nunca abandonará você.
Se ela é sua amiga, estará com você na tentação, para impedi-lo de ceder; também estará com você nas provações, para que você não desfaleça; A misericórdia de Deus estará com você durante toda a sua vida, para ser a luz e a vida de seu rosto. Ainda, esta misericórdia será a alegria de sua alma nos dias em que você estiver às portas da morte, quando todo o conforto terreno estiver se esgotando rapidamente”.
- Charles Spurgeon
52.9 Há uma outra diferença nos justos: a língua é usada para o louvor (dar-te-ei: louvar/confessar) de Deus. Este louvor é tão duradouro quanto aquilo que é louvado (aquilo que é eterno é louvado para sempre). Um louvor pelo o que Deus fez [“o fizeste”].
Há uma meditação de confiança ao final: ele esperará juntamente com seus irmãos (os fiéis). Ele esperará no nome de Deus, que é bom. Deus é seus atributos. Quem espera em Deus espera em sua bondade, graça, misericórdia, poder, eternidade, amor, etc.

Aplicações

Aplicação 1

Quem louva o mal age contra Deus.

Aplicação 2

Não precisamos ser julgadores, podemos apontar para aquele que não erra em seus juízos (meditando no verso 5).

Aplicação 3

A humanidade é má. Quem de nós não pode ser acusado pelo mal uso da língua? Deus visitou o mundo na pessoa de seu filho e nós o matamos. Tentamos diminuir, atenuar a maldade humana, mas este salmo nos ensina a justiça, amar a verdade e odiar a impiedade como Deus odeia.

Aplicação 4

No meio dos justo não deve caber quem “não joga limpo” (meditação no verso 4).
Os céus não darão espaço para quem viver às escondidas (meditação no verso 5).

Aplicação 5

Não serão frustrados os que confiam no que é permanente e bom. Jesus é Deus conosco, é Jeová salva. Confiamos e esperamos em uma pessoa.
S.D.G
*Davi, prefigurando o Messias, também prefigura que aqueles que seguem o Cristo padeceram por ele.
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