Misericórdia, pureza e paz

As Bem-Aventuranças  •  Sermon  •  Submitted
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Mateus 5.7–9 RA
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus. 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Até aqui pudemos ver várias das bem-aventuranças que estão relacionadas à vida do indivíduo. Ou seja, consideramos o crente do ponto de vista de sua necessidade. A partir de agora o foco se altera passando a demonstrar as disposições do crente, no ponto de vista do resultado de tudo o que vimos até aqui.
Mateus 5.7 RA
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
O dicionário define misericórdia da seguinte maneira:
1. sentimento de dor e solidariedade com relação a alguém que sofre uma tragédia pessoal ou que caiu em desgraça; dó, compaixão, piedade. 2. ato concreto de manifestação desse sentimento, como o perdão; indulgência, graça, clemência.
Perceba que a definição do dicionário exige duas etapas, a primeira é o sentir a dor do outro, sentir a miséria do outro. E a segunda etapa mostra que não é somente “sentir” mas agir em busca de uma reparação do problema, ou como diz o Dr. Martin Lloyd Jones: “a misericórdia realmente aponta para um senso de compaixão, de parceria com o desejo de aliviar os sofrimentos”. Então quando for o caso, perdoar; demonstrar graça e clemência, indulgência. Ou, também sanar a falta. Se for o frio, aquecer; se for a fome, alimentar; se for a tristeza, consolar; se for a dor, aliviar. etc..
Veja o que diz William Hendriksen: “Misericórdia é amor demonstrado em favor de quem vive em miséria, e um espírito perdoador para com o pecador. Ela abrange tanto um sentimento de bondade quanto um ato bondoso”.
Diferente de outras vertentes religiosas, a misericórdia é uma virtude cristã. Veja:
“a misericórdia de que fala essa beatitude nasce “da experiência pessoal com a misericórdia de Deus” (Lenski). Como tal, ela é uma virtude peculiarmente cristã, que vale também para as demais características mencionadas nas beatitudes” (William Hendriksen).
Pelo fato de Deus ter sido misericordioso conosco e nos dado o perdão que não merecíamos, espera-se de nós que tenhamos misericórdia das pessoas que nos cercam. E vivemos um mundo carente de misericórdia.
Vamos dividir essa questão da misericórdia em duas partes. Na primeira falaremos sobre o perdão, na segunda falaremos sobre o auxílio ao necessitado.

Perdão

Mateus 18.21–35 RA
21 Então, Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? 22 Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. 24 E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. 25 Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga. 26 Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. 27 E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. 28 Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. 29 Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. 30 Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. 31 Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. 32 Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; 33 não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? 34 E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. 35 Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.
Veja, o homem devia uma quantia imensa, dez mil talentos. O contexto dessa passagem é o seguinte.
“Muitos trabalhadores do campo sofriam para pagar os impostos, especialmente em tempos de seca, mas essa dificuldade não diminuía a responsabilidade do coletor de impostos de repassar a soma exigida ao rei”. Craig Keener
Dez mil talentos é uma dívida altíssima. Essa soma provavelmente representava mais que o rendimento anual do próprio rei e talvez mais do que toda a moeda em circulação na maioria dos reinos da época. Temos aqui uma hipérbole com a intenção de deixar claro o ponto que Jesus quer passar.
Em certo sentido, o talento de prata equivalia a mil dracmas, ou o salário de seis mil dias de um trabalhador da época; portanto, dez mil talentos equivaleriam, aproximadamente, ao salário de sessenta milhões de dias, o que daria 164.383,562 anos. Convertendo isso aqui em reais, baseado no salário mínimo estamos falando de uma dívida de 2.136,979 bi. Pra vocês terem uma ideia, o maior prêmio pago pela mega sena até hoje foi de 325 milhões de reais. A dívida deste homem da parábola de Jesus é quase 10 vezes maior que isso.
Agora veja, uma dívida deste tamanho era algo impressionante, e o rei mandou vender a mulher, os filhos e todos os bens que aquele homem possuía para saldar sua dívida. Mas o homem se prostra diante do rei pedindo misericórdia, declarando que pagaria a dívida.
Compadecendo-se daquele homem e sabendo que era impossível que ele pagasse tamanha dívida, o rei o perdoa. Veja o tamanho do favor que esse rei fez a esse homem!
Assim que aquele home sai da presença do rei, totalmente perdoado, ele encontra alguém que lhe devia, porém lhe devia uma quantia insignificante.
Mateus 18.28 RA
28 Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves.
Veja, cem denários era um valor relativamente baixo, fazendo todas àquelas contas que fizemos daria algo em torno de R$3.600,00. Aquele homem acabou de ser perdoado de 2bi, agora encontra alguém que lhe deve 3.000 e qual a sua reação?
Mateus 18.29–30 RA
29 Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. 30 Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.
Aquele que recebeu imenso perdão não quis perdoar! Aquele que recebeu misericórdia não agiu com misericórdia. Aí é que está o problema, pois a conclusão da história foi terrível.
Mateus 18.31–35 RA
31 Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. 32 Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; 33 não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? 34 E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. 35 Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.
Perdoar aqueles que nos ferem e nos maltratam é agir com misericórdia! É exatamente isso que devemos fazer, um coração verdadeiramente convertido é um coração perdoador. E óbvio que o perdão pressupõe o arrependimento, ou seja, a pessoa precisa se arrepender, reconhecer que errou, pedir perdão, para aí sim receber o perdão, não existe perdão por uma só via.
Auxílio ao necessitado
Lucas 10.30–37 RA
30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. 31 Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. 32 Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. 33 Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. 34 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. 35 No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. 36 Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? 37 Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.
Observe, o que temos aqui é alguém necessitado, caído na estrada. Passam por ele um sacerdote e um levita, que eram homens responsáveis pelo trabalho no templo, eram responsáveis por fazer a intermediação entre o homem e Deus. Se havia alguém que deveria ajudar aquele homem caído ao chão eram aqueles dois, porém, passaram ao largo.
De repente está vindo pelo caminho um samaritano. Os samaritanos e os judeus não combinavam muito bem, os samaritanos eram desprezados e humilhados pelos judeus como se fossem pessoas de segunda espécie. Ninguém esperava que o samaritano fosse parar e ajudar aquele homem, mas pra espanto de muitos o texto afirma que ele “compadeceu-se”. Em outras palavras, ele teve compaixão. Compaixão e misericórdia são sinônimos, o samaritano sentiu a dor daquele homem, se colocou no lugar dele e não teve outra atitude a não ser ajudá-lo.
Perceba que ele vai além, ele não só para pra ajudar o homem como também ele coloca o homem sobre o seu próprio animal, leva-o a uma hospedaria, paga para o dono da hospedaria cuidar do homem e ainda se prontifica a pagar o que mais for necessário quando voltar.
Imagine-se sendo espancado, roubado e ser deixado gravemente caído ao chão gravemente ferido. O que você mais vai desejar que aconteça?
Imagine que você está passando por uma dificuldade financeira, o dinheiro acabou, as contas não param de chegar, você precisa por comida na mesa para as crianças, o que você mais deseja que aconteça?
Imagine que você está correndo perigo, alguém está te ameaçando, colocando sua vida em risco, o que você mais deseja que aconteça?
Isso é agir com misericórdia e compaixão, estender a mão, ajudar o próximo, alimentar quem tem fome, aquecer quem tem frio, saciar quem tem sede, proteger quem está vulnerável. Independentemente de quem seja. Essa é a mensagem da parábola do Bom Samaritano. Os judeus os tinham como inimigos, e veja quem ajudou aquele homem. Foi exatamente isso que Jesus quis dizer!
Mateus 5.43–48 RA
43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 45 para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. 46 Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? 48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.
Perdão e auxílio, essa é a mensagem!
Oremos.
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