A unidade no evangelho

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A undade que só o evangelho pode promover

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Introdução

Começamos falar na semana passada sobre unidade, pois a divisão era um dos grandes problemas da igreja de Corinto, e sempre foi e continua sendo um desafio para todas as igreja. Vimos como facções criadas sob a influência de uma cultura secular estavam abalando aquela igreja e competindo contra o avanço do evanglho. Haviam pelo menos quatro grupos na igreja de Corinto que a partir do culto a personalidades estavam dividindo a igreja de Cristo.
Hoje, vamos continuar falando sobre esse tema, mas iremos nos aprofundar na essência da unidade, o que realmente deve promover a unidade da Igreja, o evangelho. A integridade do evangelho estava sendo atacada em Corinto. O evangelho se misturava com a filosofia. Os corintios queriam uma espécie de evangelho híbrido, misturado com sabedoria humana, queriam o evangelho e mais alguma coisa. Todas as vezes que tentamos adicionar alguma coisa ao evangelho perdemos o evangelho. A história da igreja está marcada de histórias assim.
No século 19 houve uma tendência parecida em misturar o evangelho a filosofia, com o saber humano, com as descobertas científicas e sob essa inflência um grupo de pessoas passou a desacreditar de tudo que não poderia ser provado através da razão e da ciência como os milagres. Nasceu assim o liberalismo teológico, que devastou a igreja em boa parte da Europa, berço do protestantismo. No século 0 a chamada teologia da libertação tentou misturar o evangelho com ideologia política, deslocando o eixo do evangelho para o aspecto puramente social, a ponto do Leonardo Boff falar que conversão nada mais é que justiça social. Não estou falando que justiça social não tem a ver com o evangelho, mas o evangelho não é justiça social. Justiça social é um efeito do evangelho, mas não é o evangelho. Para quem crê nessa forma só existe a relação horizontal, anulando a verticalidade da fé.
Em Corinto a igreja sofria com essa influência da cultura grega, dos sofistas e essa influência, esses acréscimos ao evangelho estavam minando a unidade da igreja.
1Coríntios 2.1–5 NAA
1 Irmãos, quando estive com vocês, anunciando-lhes o mistério de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. 2 Porque decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. 3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vocês. 4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, 5 para que a fé que vocês têm não se apoiasse em sabedoria humana, mas no poder de Deus.
1 Coríntios d. Poder e Fé (2.1–5)

Mais uma vez, Paulo chama os coríntios de irmãos. Com essa expressão comum de afeição, apela a todos os membros (homens e mulheres) dessa igreja. Além disso, revela seu coração pastoral quando trata de questões delicadas relativas à igreja de Corinto.

Para o problema que a igreja enfrentava, Paulo relembra aquela igreja de algumas verdades:

1- Paulo lembra do conteúdo do evangelho (v.2.2).

A cruz aponta para a justiça e o amor de Deus, o evangelho centraliza-se na morte de Cristo. A morte de Cristo não é uma doutrina periférica do cristianismo, mas a sua própria essência. A cruz não é um apêndice, ela é o nucleo, o centro, o eixo e a essência do cristianismo. A morte substitutiva de Cristo é o ponto central e culminante do evangelho. Não há outro evangelho a ser pregado a não ser "Jesus Cristo e esse crucificado". Todas as vezes que a igreja perde de vista a centralidade da morte de Cristo, ela perde o próprio evangelho. A cruz que era escândalo paa os judeus, loucura para os gregos, era conteúdo da mensagem de Paulo. Não havia nada mais contra-cultural que a cruz. Paulo escandaliza a cidade de Corinto ao afirmar que Cristo crucificado encarna a verdadeira sabedoria de Deus.
A cruz reduz ao pó qualquer tipo de sabedoria humana. Como nós precisamos ouvir isso hoje, quando a centralidade da cruz é trocada por outras coisas, mensagens antropocêntricas, sabedoria humana, ideologias de diferentes espectros se tornando o ponto central para muitos. O evangelho deve ser o centro, objeto da nossa paixão, porque entendemos que Cristo é tudo em todos. Não há outra mensagem nem outro evangelho para promover a unidade da igreja. Política, filosofia nem dinheiro podem ocupar na vida o lugar cruz de Cristo. A necessidade do evangelho é a maior necessidade do mundo, e essa deve se a paixão da igreja. A unidade da igreja consiste em que não há outra mensagem, outro sonho, outra bandeira e nem outra atração que não seja o evangelho. Quando perdemos isso, a igreja se transforma um negócio e seus fiéis meros consumidores. A igreja só vai permanecer unida se essa unidade for o evanglho, se a unidade for se basear em qualquer tipo de sabedoria humana, política ou filosófica essa unidade será impossível.

2. Paulo lembra do poder do evangelho.

Paulo lembra que a unica coisa que transforma o coração do homem é o evangelho, não é a beleza da retórica humana, mas o poder do Espirito Santo de Deus. Nós devemos conduzir nossos filhos a Deus, mas nós não somos Deus. Nós não temos o poder de transformar o coração de pedra em coração de carne, não é a boa educação, métodos ou qualquer outra coisa que vai produzir o novo nascimento no seu filho, mas a graça de Deus expressa no poder da cruz de Cristo.

3. Paulo relembra a esperança do evangelho

1Coríntios 2.6–9 NAA
6 No entanto, transmitimos sabedoria entre os que são maduros. Não, porém, a sabedoria deste mundo, nem a dos poderosos desta época, que são reduzidos a nada. 7 Pelo contrário, transmitimos a sabedoria de Deus em mistério, a sabedoria que estava oculta e que Deus predeterminou desde a eternidade para a nossa glória. 8 Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória. 9 Mas, como está escrito: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.”
Ao falar da esperança ele começa falando da verdadeira sabedoria, que não é a filosofia, mas o evangelho.
1Coríntios: Como Resolver Conflitos na Igreja O Evangelho Foi Concebido na Eternidade e Faz Parte do Plano Eterno de Deus (2.6–9)

É nesse sentido que João Calvino chegou a dizer que nós só conhecemos a Deus porque Deus se revelou a nós. O conhecimento de Deus não é produto da investigação humana, mas da revelação divina. Nós não O conhecemos pela sabedoria humana. Antes, O conhecemos porque Ele se revelou a nós. Deus se revelou na natureza, na consciência, nas Escrituras e em Jesus Cristo.

1Coríntios: Como Resolver Conflitos na Igreja O Evangelho Foi Concebido na Eternidade e Faz Parte do Plano Eterno de Deus (2.6–9)

Por que as autoridades judias pediram a crucificação de Jesus? Por que as autoridades romanas O crucificaram? Porque não conheciam a Jesus! Porque se tivessem conhecido de fato quem Jesus Cristo era, jamais teriam crucificado o Senhor da Glória. Os intelectuais do mundo são cegos espiritualmente, eles não têm discernimento espiritual nem entendimento espiritual. Por isso, quando Jesus estava na cruz disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34).

A verdadeira sabedoria está na esperança eterna, onde nenhuma sabedoria humana é capaz de alcançar.

3. Paulo lembra da unidade pela Palavra

1Coríntios 2.10–16 NAA
10 Deus, porém, revelou isso a nós por meio do Espírito. Porque o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. 11 Pois quem conhece as coisas do ser humano, a não ser o próprio espírito humano, que nele está? Assim, ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus. 12 E nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente. 13 Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. 14 Ora, o a pessoa natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura. E ela não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 15 Porém a pessoa espiritual julga todas as coisas, mas ela não é julgada por ninguém. 16 Pois quem conheceu a mente do Senhor, para que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo.
Paulo finaliza essa parte da carta enfatizando que nós não nos tornamos sábios na medida que recebemos uma informação de fora para dentro. Nós nos tornamos sábios quando o Espirito Santo, o agente da verdadeira sabedoria vem habitar em nós. É o Espírito que comunica a verdadeira sabedoria. Jesus prometeu que o Espirito nos ensinaria e nos guiaria por intermédio da Palavra.
A nossa unidade se dá não por uma idéia que abraçamos, mas por causa de um Deus que nos abraçou como família. Logo, a unidade no evangelho é uma demonstração de maturidade espiritual. Quer conhecer a maturidade de um cristão? Olhe para a relação dele com a igreja local. Olhe a forma como ele se compromete independente de divergênciasa que não sejam o evangelho. Crentes imaturos se relacionam coma igreja de forma auto-centrada (baseado no que a igreja pode me oferecer), rompem os laços facilmente, são de todos mas no fim não são de ninguém (Dom Juan, tinha várias mas não era de nenhuma - meninos que não querem compromisso). A undade no evangelho é sinal de maturidade cristã porque o homem natural não consegue aceitar as coisas espirituais, para ele é loucura. Sua mente e sua vontade no fim das contas estão em oposição a vontade de Deus.
O cristianismo não é contrário ao uso da razão, mas o que a Palavra de Deus aqui está nos chamando atenção é que o comportamento humano não é tão racional quanto imaginamos. Nossas avaliações racionais sofrem condicionamentos que nós não damos conta, a forma como usamos a racionalidade não é netra, há algo que anima os nossos raciocinios. A razão é influenciada pelas nossas paixões, interesses, e o que Paulo está dizendo é que o acolhimento da verdade do evangelho está condicionado ao estado do coração. O homem natural, por conta do estado do seu coração não é capaz de acolher as verdades do Espírito de Deus. O homem natural não só não aceita, como considera as verdades de Deus como loucura, ele vê o evangelho como algo que não corresponde as verdades dos fatos. Para o homem natural é loucura o cristão se preocupar com a morte eterna, no sentido da vida, em se preocupar como nós fomos formados, que não somos fruto de poeira estrelar e que nossa existência não caminha para o nada.
Para o homem natural é loucura não encontrarmos descanso enquanto não descansamos em Deus, é loucura para o homem natural a forma como Deus salva pecadores, pelo derramamento de sangue do seu Filho. Para o homem natural é loucura o homem nascer pecador e precisar se reconciliar com Deus seu criador. Para o homem natural é loucura compreender que a savação é mediante a graça e qua não há o que o homem possa fazer para ser salvo, a não ser pelo amor gratuito de Deus.
O evangelho não é entendido por sabedoria humana, um PHD pode não entender o evangelho e um analfabeto pode, não é uma questão de ginástica mental, mas uma questão de transformação. Esse é o escândalo da graça! Como pode algo tão escandaloso assim não ser maior do que qualquer outro aspecto da vida? Quando falamos sobre unidade, é sobre esse evagelho escandaloso que estamos falando, que reduz a pó todos os saberes humanos, culturas, gostos e opiniões pessoais.
Essas afirmações nos remetem a Provérbios 4.23 (De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração,). Porque isso? Quando perdemos a paixão pelo evangelho acolhemos como verdade principal na nossa vida o que ganhou nosso coração. Isso pode ser o dinheiro, ideologias políticas, filosofias, pessoas e até nós mesmos (narcisismo). E isso pode ser revelado através de uma apostasia explícita ou em uma acomodação do evangelho a aquilo que ganhou meu coração (transformo o evangelho naquilo que eu quero que ele seja). Deus se torna um meio para o sucesso, a riqueza, um projeto político, uma causa, um estilo de vida, ou qualquer outra coisa que no final das contas não tem valor eterno (perda da espernca eterna).
A perda da unidade é um sinal exterior deste evento do coração. Onde está sua paixão, onde está seu coração, suas motivações e sua esperança de redenção (pessoas, ideologias, conhecimentos)

Conclusão

1Coríntios: Como Resolver Conflitos na Igreja O Evangelho é Revelado pelo Espírito Santo por Intermédio da Palavra de Deus (2.10–16)

A mensagem da cruz não é deste mundo. Ela veio de Deus, do céu; não é descoberta humana, é revelação divina.

A mensagem da cruz foi ordenada antes deste mundo. Ela não foi uma mensagem de última hora. Deus não a criou porque o plano “A” fracassou. O evangelho foi preordenado antes dos tempos eternos.

A mensagem da cruz nos traz bênçãos para além deste mundo. Aquilo que nenhum olho viu e nenhum ouvido ouviu nem jamais subiu ao coração do homem, isto é o que Deus preparou para aqueles que O amam.

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