Salmo 24

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Introdução

Do título, diretamente, não é possível sabermos nada além da autoria de Davi. Mas é surpreendente observarmos que o mesmo salmista que passa pelas notas amargas do salmo 22, pela confiança do salmo 23, irá agora levantar a voz de forma à majestade e triunfo do Senhor. Não importa a situação, nada se compara com a menor expressão do amor de Deus nos corações dos homens.
O salmo se enquadra como um hino, onde o Senhor está presente abundantemente na letra, não sendo mencionado apenas no verso 4. O trecho que não fala diretamente do Senhor (3-6), leva os homens a reflexão diante de sua grandeza, conduzindo ao verdadeiro louvor. Observemos que é possível cantar sobre o Senhor quando o propósito é declararmos sua grandeza e majestade.
O hino terá seu uso na liturgia de entrada do Senhor na cidade de Jerusalém desde que a a Arca da Aliança teve repouso na cidade. Os peregrinos vem lembrando os feitos do Senhor, e os requisitos daqueles que se dirigem a Ele. Por fim, não é apenas o adorador que entra no Templo, mas o próprio SENHOR. Sabemos também que era entoado no templo a cada manhã de sábado, na oferenda de vinho (“para o sétimo dia da semana” LXX).
Podemos observar três divisões no salmo: inicia com o estado da supremacia do Senhor sobre toda a criação (v. 1,2), os requisitos de pureza externos e internos do adorador (v. 3-6) e, finalmente, descreve a entrada do Senhor, o vitorioso Rei (v. 7-10).

Exposição

24.1 O salmo inicia com a afirmação da soberania de Deus sobre toda a Terra - e essa soberania implica não somente em governo, autoridade, mas em propriedade (Sl 50.12; 89.11; 1Co 10.26). O Senhor não é somente o Deus de Israel, mas o Deus do mundo inteiro. São domínios são a totalidade da criação, visível e invisível. Não há nada que Ele não possa vindicar sua propriedade [a Ele são legítimas as palavras “meu mundo, minhas regras”].
24.2 Reflete a crença do Oriente Próximo de que a terra era sustentada por espécies de pilares (Sl 104.5; Jó 38.6; Pv 8.29). Vejamos que, em Gênesis, as águas, sobre as quais o Espírito do Senhor pairava sobre (Gn 1.1), são separadas (Gn 1.6), seus limites impostos (Gn 1.9) e são habitadas (Gn 1.20). Essa sustentação talvez estivesse abaixo das águas (Sl 18.15). O intuito era expressar que Deus sustenta o mundo - foi ele quem firmou seus fundamento, as colunas da terra são dele (1Sm 2.8). O mundo é dele porque ele o criou/fundou (v.2). O mundo não está à deriva, mas sustentado por Deus.
24.3 Essa pergunta é fruto da reflexão dos que visitavam o templo, local da habitação de Deus. É uma reflexão que reaviva a fé, trazendo à memória a santidade de Deus, nossa corrupção, Sua bondade, salvação e os efeitos dessa salvação (Sl 15.1). O templo ficava no monte em Jerusalém, o Monte Sião (Sl 43.3) ou a colina de Sião, considerada como o lugar que Deus escolheu para habitar nele (Sl 2.6, 43.3).
24.4 Os requisitos para entrar no templo são ambos externos e internos. A palavra hebraica para "limpo" (naqi) significa "inocente" (Sl 10.8, Jó 4.7). O termo "puro" (bar) enfatiza a pureza moral (Jó 11.4), sendo que a pureza é uma característica da Lei de Deus (Sl 19.8). Que não entrega a sua alma à vaidade: assim como a pureza de coração, a frase enfatiza os requisitos internos. Outra tradução possível: Que não adora ídolos (como na NVI). O termo hebraico (shawe) traduzido como vaidade significa, literalmente. o que é vago ou vão e, portanto, falso ou enganoso (Êx 23:1; Jó 15:31). Nos Salmos e nos escritos proféticos, é aplicado aos ídolos pagãos, por serem deuses vãos ou vazios. Cf. Is 44:9; Jr 10:3; 1Co 8:4; 1Ts 1:9. Ver Sl 115:4-8] (BEARC, 2002, SBB).
Na reflexão para a adoração, a conclusão sobre a autoanálise é este é quem não somos, bem como quem deveríamos ser. Uma pergunta que se levanta é quem pode ser igual a este? Perfeição é exigida.
25.5 O verso se conecta diretamente com o anterior: esse padrão extremamente rigoroso torna os homens culpados e totalmente dependentes da salvação e inocência declaradas por Deus. Observe, não é direito adquirido, mas salvação. Benção e justiça são obtidas da salvação. Quem as obtém? Este, do verso 4. Estes são os salvos, que são livres para andar corretamente diante do Senhor e são abençoados, são alvos da justiça de Deus.
26.6 A geração dos que buscam a Deus será marcada pela bênção e justiça de Deus. Adoradores são os que buscam a face de Deus e estar em sua presença - não é algo passivo. Deus não habita em trevas, por isso, seus filhos, que antes estavam perdidos, anseiam e buscam o Senhor na luz (Is 33.14-16). O maior tesouro que podemos buscar e que podemos receber é a vida na presença de Deus. Diante de sua face - não buscam seus benefícios é que encontramos o que outras coisas não podem nos dar. Buscar é necessário arrependimento, contrição, santificação. Como Jacó (Gn 32.26), batalham em oração para buscar a presença de Deus.
24.7, 9 O salmista pede às portas da cidade [o Templo não havia sido construído ainda, a não ser que haja uma aplicação profética] que abram para a entrada do Senhor. Este salmo era geralmente usado quando a arca da aliança retornava das batalhas, provavelmente desde que foi trazida para Jerusalém (2Sm 6) - representando o fim das batalhas para a posse da terra. Veja que, apesar das portas de Jerusalém serem grandes e amplas, não são suficientes para dar passagem ao Senhor, o Rei da Glória.
24.8, 10 Quem é este Rei da Glória? O SENHOR, forte e poderoso, poderoso nas batalhas (8), o SENHOR dos exércitos (10).
[Senhor dos Exércitos: Nos livros históricos, este título de Deus parece aludir à sua presença entre as hostes ou exércitos israelitas (cf. 1Sm 17:45). Mas, nos escritos proféticos, adquire características cósmicas e afirma o poder soberano de Deus no céu e na terra (cf. Is 6:3). Assim o entendem os tradutores da versão grega (LXX), que, com freqüência, o traduzem por Kyrios pantokrátor, isto é, Senhor Todo-poderoso.] (BEARC, 2002, SBB)
Quem foi encontrado digno de entrar entrar na cidade santa, subir o monte santo e entra no Templo? O Criador, o Redentor, o Triunfante Rei da Glória. E por que ele entrou todos aqueles que ele resgatou também podem entrar. Os salvos são como descritos no verso 6 por causa do Rei da Glória.

Aplicação final

No Sermão do Monte, Jesus nos traz aplicações que inevitavelmente nos trazem a este salmo. Os humildes de espírito só podem alcançar salvação por graça, mediante a fé (Ef 2.8), visto não possuírem nenhuma riqueza espiritual. Não são salvos pela sua justiça, mas são justificados pela justiça que vem de Jesus Cristo no Evangelho (Rm 1.17). Assim, a comunidade dos crentes não está alheia à justiça de Deus, mas a ama - fome e sede de justiça, pois serão saciados (Mt 5.6). Os que têm seus corações limpos satisfarão sua busca por Deus: eles verão a Deus (Mt 5.8).
Sua busca por Deus não é hipócrita [ou pela metade, como meio arrependimento] - sabem de seu estado totalmente depravado: se arrependem não somente de seus pecados externos, mas dos internos. Não somente de adulterar ou matar fisicamente, mas com os olhos e coração. Não somente do que fazem, mas de quem são.
Quando vemos esses salmos, 22 e 24, à luz do seu apontamento profético, nos lembramos que aquele foi assassinado na cruz, foi recebido em glória nos Céus. Sua entrada humilde na Jerusalém terrena (Mt 21.9-11) foi acompanhada da sua entrada gloriosa nos trono de Deus. Ele é maior do que a glória dos céus e do universo pode conter. Ele é poderoso e venceu a morte. Ele está exaltado à destra do Pai (Fp 2.9-11). E todos nos céus o adoram e exaltam (Ap 4.8-11) E todos os que estão nele, que creem nele, podem entrar com ele (Ap 19).
A força desses versos e salmos nos traz a lógica: Quem não somos, quem deveríamos ser, quem Cristo é, quem buscamos ser, e quem seremos.
a humanidade está completamente desqualificada, contudo há Um dentre a nossa raça que penetrou os céus e se coloca diante de Deus como um advogado em prol do seu povo – Jesus Cristo, o justo.[Hb 4.14; 1Jo 2.1]
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