IPVM no Lar | Tiago 1.5-8

Exposição na epístola de Tiago  •  Sermon  •  Submitted
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Estudo bíblico expositivo na Carta de Tiago 1.5-8, baseado nos comentários: Kistemaker, S. J. (2006). Tiago e Epístolas de João. (C. A. B. Marra, Org., S. Klassen, Trad.) (1a edição). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. / Grünzweig, F. (2008). Comentário Esperança, Carta de Tiago. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. / Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais. (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição). São José dos Campos, SP: Editora FIEL. / Blomberg, C. L., & Kamell, M. J. (2008). James (Vol. 16). Grand Rapids, MI: Zondervan. / Dibelius, M., & Greeven, H. (1976). James: a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press.

Notes
Transcript
Handout

Pedindo sabedoria

De modo característico, Tiago apresenta com brevidade um determinado tópico e depois volta a tratar dele.
Nesta seção, ele fala da necessidade de sabedoria; no capítulo 3, delineia dois tipos de sabedoria – um que vem do céu e outro, da terra.

5 Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.

Tiago demonstra a arte de escrever ao ligar palavras e frases chaves.
No versículo 3, ele ressalta a palavra perseverança, colocando-a no final da frase para dar-lhe ênfase.
No versículo 4, ele usa perseverança logo no início da frase.
A última frase do versículo 4 é “em nada deficientes”; a primeira oração da frase seguinte usa uma expressão paralela “se algum de vocês necessita de sabedoria”.
O autor domina a comunicação de forma eficaz, por meio da prosa simples e direta.
Observe os seguintes pontos:

a. Necessidade

A oração “se algum de vocês necessita de sabedoria” é a primeira parte de uma declaração factual, numa frase condicional.
O autor está dizendo ao leitor: “Sei que você não vai admitir, mas você necessita de sabedoria”.
Tiago trata de um problema delicado, pois ninguém quer ouvir que é tolo, que comete erros e precisa de ajuda.
O ser humano é, por natureza, independente.
É preciso que o ser humano supere o orgulho para admitir que precisa de sabedoria.
Mas a sabedoria não é algo que ele possui. Ela pertence a Deus, pois é sua divina virtude.
Qualquer um que admita a necessidade de sabedoria deve ir até Deus e pedir-lhe.
Tiago apela para o leitor e ouvinte individualmente.
Escreve: “algum de vós”. Tiago dá ao leitor a chance de se examinar.
Não é só EXAMINAR, é também pedir.

b. Pedido

O discípulo deve pedir sabedoria a Deus. Tiago deixa implícito que Deus é a fonte de sabedoria. Ela lhe pertence.
O que é sabedoria?
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento procuram explicar esse termo.
AT:
Pv 8
A sabedoria é Deus.
Salomão o expressa num paralelismo tipicamente hebraico:
“Porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca vem a inteligência e o entendimento” (Pv 2.6).
Salomão equaliza a sabedoria com a inteligência e o entendimento.
NT:
O início do evangelho de João é uma afirmação da sabedoria de Deus.
Além disso, o Novo Testamento afirma que o cristão recebe sabedoria e conhecimento de Deus (ver, por exemplo, 1Co 1.30).
1Coríntios 1.30 RA
30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
É verdade que fazemos uma distinção entre sabedoria e conhecimento quando dizemos que o conhecimento sem sabedoria é de pouco valor.
Donald Guthrie observa que “se a sabedoria é o uso correto do conhecimento, a sabedoria perfeita pressupõe conhecimento perfeito”.
Para tornar-se maduro e íntegro, o crente deve pedir a Deus sabedoria.
Deus deseja oferecer sabedoria a qualquer um que pedir com humildade.
O reservatório de sabedoria de Deus é infinito e ele a “que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera"

c. Dádiva

Deus não faz acepção.
Ele dá a todos, não importa quem seja, pois Deus deseja dar.
É uma característica de Deus. Ele dá continuamente.
Toda vez que alguém chega até ele com um pedido, ele abre seu reservatório e distribui sabedoria gratuitamente.
Assim como o sol continua a dar sua luz, Deus continua dando sabedoria.
Não podemos imaginar um sol que deixe de dar luz, muito menos pensar em Deus deixando de dar sabedoria.
A dádiva de Deus é gratuita, sem juros, sem o pedido de que se pague de volta. Ela é grátis.
Além disso, Deus dá “de boa vontade”.
Quando pedimos a Deus por sabedoria, não devemos temer que ele expresse desprazer ou nos reprove. Quando chegamos até ele com a fé como a de uma criança, ele jamais nos manda de volta vazios.
Temos a segurança de que, quando pedimos por sabedoria, ela nos “será dada”.

6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.

Mais uma vez, Tiago repete palavras-chave.
Note o verbo pedir nos versículos 5 e 6 e o verbo duvidar na oração que se segue no versículo 6. Além disso, no versículo 6, o autor evidencia o contraste, que embeleza com uma ilustração.

a. Contraste

Primeiro, de forma implícita, Tiago ensina que Deus deseja a sinceridade de coração.
Deus dá generosamente, sem reserva, portanto, ele espera que o cristão venha até ele em oração sem reserva.
Assim, Deus quer que o crente peça por sabedoria com sinceridade e confiança.
Certamente Deus não quer ver o contraste entre fé e dúvida no coração do ser humano.
Orar, "conforme a vontade de Deus" pode ser uma forma de incredulidade.
Seja feita a sua vontade (eu não tenho fé).
Além disso, a fé e a dúvida não podem estar presentes no ser humano ao mesmo tempo.
Como interruptor.
Quando o ser humano crê, ele não duvida. E quando ele duvida, falta-lhe a fé, ele não crê.
Hebreus 11.6 RA
6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
Quando expressa dúvida na capacidade que Deus tem de ajudar, o ser humano indica que quer ser independente de Deus.
Sem a sabedoria divina, o ser humano vacila, é como uma onda no mar e não tem estabilidade. A relação de Deus com o cristão que coloca nele a sua confiança nunca vacila.

b. Ilustração

Tiago cresceu em Nazaré, distante cerca de 30 km tanto do Lago da Galiléia como do Mar Mediterrâneo.
A visão de ondas agitadas não lhe era estranha.
Assim, ele aplica essa imagem ao ser humano que duvida. “o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. ”.
O mar está sempre cheio de ondas e, quando o vento sopra, elas se movem de maneira quase rítmica, numa seqüência rápida.
Quando o vento muda de direção, as ondas alteram seu curso de acordo com ele.
Além disso, os movimentos das ondas para cima e para baixo formam cristas e depressões entre elas.
Em resumo, a imagem do mar que Tiago cria é de instabilidade e inquietação. É desse modo que Tiago retrata aquele que duvida. Ele é como as ondas que se erguem no mar, inquieto e instável.
Não tem a sabedoria da qual precisa desesperadamente para dar um rumo à sua vida.
Mas, porque o ser humano duvida, Deus não deixa fluir sua sabedoria. Deus espera que seu povo se aproxime dele com fé, então ele recompensa aqueles que o buscam.
Se, porém, o ser humano duvida, ele não recebe a bênção de Deus.

7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa;

8 homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.

Confessamos prontamente que nossa fé, por vezes, é fraca e tímida. Lutamos com períodos de dúvidas.
É a nós que Tiago se dirige? Somos lançados de um lado para o outro como as ondas do mar? Impedimos as bênçãos de Deus por que somos fracos na fé?
Consideremos rapidamente Abraão, o pai da fé.
Sua fé não foi sempre infalível e forte. Ele teve seus momentos de dúvida e desespero.
Ainda assim, Abraão recebeu a promessa de Deus e Deus o abençoou.
O que Tiago está dizendo?
Ele não está se referindo à pessoa que se afasta da dúvida, mas àquele de mente dobre e instável.
O ser humano que tem duas personalidades ou duas almas.
Uma diz que ele irá tentar a “religião” – se ela não faz nenhum mal, pode ser até que ajude.
A outra diz que ele não precisa de Deus, porque deseja ser independente e auto-suficiente.
Uma pessoa que duvida não espera receber nada de Deus. Tiago, portanto, observa que aquele que duvida “não suponha… que alcançará de Deus alguma coisa”.
Tiago chama a pessoa que duvida de “esse homem”.
As palavras revelam desdém; esse homem duvida do caráter verdadeiro do poder e das promessas de Deus.
Ele pede sabedoria a Deus, mas duvida que Deus irá concedê-la.
Num momento ele ora e, no momento seguinte, ignora Deus.
Sua oração – se é, de fato, uma oração – não é sustentada pela fé.
Quando o pai do epiléptico disse a Jesus “eu creio, ajuda-me na minha falta de fé!” (Mc 9.24), Jesus ouviu sua oração de fé.
Ele curou o filho daquele homem ao expulsar o demônio.
Observe, porém, que esse homem lutou com a fraqueza de sua fé e pediu ajuda. Ele a recebeu.
Deus deseja que oremos a ele.
Ele deseja que oremos a ele e acreditemos que ele responderá. Quase no final da carta, Tiago escreve: “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16). Deus abençoa os justos, pois eles são seu povo.
Mas o homem de mente dobre não deve achar que Deus irá abençoá-lo.
Essa pessoa segue seu próprio caminho, toma suas próprias decisões e vive sua própria vida – separada de Deus.
Se ela não ora a Deus com a confiança semelhante à de uma criança, Deus não pode conceder-lhe a dádiva da sabedoria. Assim, quando Deus se recusa a atender seu pedido, isso não é causado pela falta de vontade de Deus, mas pela dúvida do ser humano.
Considerações práticas em 1.5–8
Versículo 5
Se você é professor, é possível que tenha feito os melhores cursos a fim de preparar-se para seu trabalho. Pode ser que tenha o talento de se comunicar bem. Pode ser que você goste de sua vocação. Mas se você deixar de pedir a Deus diariamente por sabedoria para encarar os desafios de sua profissão, não será totalmente eficiente.
Peça a Deus por sabedoria e ele a dará generosamente, sem que impropere. Peça com fé e você verá a diferença em sua vida. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7).
Versículo 6
A dúvida é sempre pecaminosa? Não necessariamente. Por exemplo, quando a dúvida aparece sob a forma de perplexidade, ela não é pecaminosa. Quando “homens piedosos de todas as nações debaixo do céu” (At 2.5) ouviram os apóstolos pregarem o evangelho no dia de Pentecoste em Jerusalém, ficaram “atônitos e perplexos” (At 2.12). Não conseguiam compreender o sentido daquele transbordar do Espírito Santo. Depois que Pedro fez o sermão de Pentecoste, cerca de 3 mil pessoas vieram a crer. Outros, porém, zombaram dos apóstolos chamando-os de beberrões (At 2.13). Essas pessoas recusaram-se a aceitar a verdade de Deus porque duvidaram. Portanto, a dúvida é pecado quando manifesta-se sob a forma de descrença
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