1ª Parábola -

Parábolas de Jesus  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Introdução

Nosso Senhor Jesus Cristo foi o maior professor que já passou pela face da Terra. Ele não apenas era a própria encarnação da verdade - e, portanto, o conteúdo de Seu ensino era impecável e de origem divina -, mas também era um mestre pedagogo - O grande professor - Seu estilo de ensino era extraordinário.
Mas os fariseus daquele tempo que perseguiam implacavelmente Jesus atribuiram os milagres do nosso Senhor a Satanás e isso significava dar crédito ao diabo pela obra do Espírito Santo. Visto que os fariseus sabiam disso, seu insulto abominável era uma blasfêmia direta e diabólica contra o Espírito de Deus - Lembram- se : uma das funçoes do Espírito é testemunhar da verdade (1Jo5.6).
E quando rejeitaram deliberadamente a verdade, os inimigos jurados de Cristo perderam o privilégio de ouvir a verdade plena de sua boca. Jesus se referia exatamente a isso quando disse: “A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado” (Lucas 8:18). A mudança no estilo de ensino de Jesus foi imediata e dramática. A partir daquele dia, tudo que ele ensinava em público permanecia oculto de todos com exceção daqueles com ouvido dispostos a ouvir.
E então temos a primeira parábola - vamos ao texto que se encontra em 3 dos 4 evangelhos sinóticos: MATEUS 13.1–9 / MARCOS 4.1–9 / LUCAS 8.4–8
Mateus 13.3–9 (NAA)
3 E de muitas coisas lhes falou por parábolas, dizendo:
— Eis que o semeador saiu a semear. 4 E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram. 5 Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. 6 Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se. 7 Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram. 8 Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um. 9 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
e meus irmãos claramente não podemos deixar de colocar aqui a explicação da parábola que o próprio Jess fez, isso imediatamente torna essa parábola especial, pois teve a atenção especial em mostrar como seria o processo de entendimento das parábolas, esse seria o tom da hermenêutica, ou de fato como deveriam ser interpretadas as parábolas que Jesus ia proferir!
Vamos ao texto:
MATEUS 13.18-23 / MARCOS 4.13-20 / LUCAS 8.11-15.
Mateus 13.18–23 (NAA)
18 — Ouçam, portanto, o que significa a parábola do semeador. 19 A todos os que ouvem a palavra do Reino e não a compreendem, vem o Maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20 O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. 21 Mas ele não tem raiz em si mesmo, sendo de pouca duração. Quando chega a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. 22 O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém as preocupações deste mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera. 23 Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.
.Irmãos antes de nos aprofundarmos na parábola devemos observar que a imagem usada por Jesus é retratada, também, em 2Esdras 9.30–33
Disseste: “Ouvi, Israel: atentai para as minhas palavras, raça de Jacó. Esta é a minha lei, que eu semeei entre vós, para que dê fruto e vos traga glória para sempre”. Porém, nossos pais que receberam tua lei não a guardaram; não observaram os teus mandamentos. Não que o fruto da lei tenha perecido; isso é impossível, pois ela é tua. Os que a receberam pereceram, porque deixaram de guardar a boa semente, que neles foi semeada.
Salmo 19.14 “14 As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!”
Nos dias de Jesus, o verbo “semear” podia ser empregado metaforicamente com o sentido de “ensinar”. Que era a maneira de falar nas sinagogas locais. A maneira que jesus coloca a parábola e a maneira que jesus interpreta citada por Mateus se encaixam perfeitamente no padrão de linguagem da época.
Vamos olhar primeiramente o que não é o foco nessa parábola:
1º A figura do semeador. Apesar de ser mencionada apenas como meio de introdução da parábola, sua presença na interpretação, embora presumida, não é explicada. Em vez disso, a ênfase cai sobre a semente que é lançada. Lucas chama a semente de “a palavra de Deus”; Marcos a chama simplesmente de “palavra”. E Mateus, olhando para citação de Isaías, diz, por implicação: “A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho” (13.19). Embora pudéssemos esperar alguma referência à chuva, que obviamente aumentaria a colheita, nada é dito (veja, p. ex., Dt 11.14,17).
2º Nenhuma menção é feita ao trabalho árduo de arar o campo, embora seja claro que foi parte do processo. A provisão de chuva por parte de Deus e o esforço do homem no trabalho do campo não têm nenhuma significação na construção e interpretação da parábola.
Ele pode perder parte do que plantou, nesse exemplo por três vezes, mas na colheita final tem uma safra abundante.
Então qual é o foco? A semente (que é o evangelho de Cristo Jeus, portanto a Palavra) e o coração daqueles que ouviam a mensagem do reino.
No entanto, ao mencionar esses pormenores, tais como a beira do caminho, os lugares rochosos e os espinhosos, Jesus, evidentemente, pretendia aplicar a lição da semente, como Palavra de Deus é ouvida por quatro diferentes tipos de ouvintes.
1º Solo - Mateus, bem como Lucas, apresentam a palavra coração. “Vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração” (13.19). A Palavra de Deus alcança o coração daquele que a ouve, mas antes que a Palavra possa produzir qualquer efeito, o maligno (Mateus), Satanás (Marcos), ou o diabo (Lucas) vem e a arrebata.
Na parábola, os pássaros descem à beira do caminho e devoram os grãos. Diz Marcos: “São estes os da beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ouvem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles” (4.15). Poderíamos dizer: “entra-lhes por um ouvido e sai pelo outro”. Algumas pessoas ouvem polidamente o evangelho, e é só. O evangelho não tem valor para elas, pois têm o coração endurecido como os caminhos pisados, à beira das plantações. Ignoram completamente o resumo da lei de Deus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração…” (Mt 22.37).
. Ja diz Spurgeon - Muitos de vocês, infelizmente, não vieram aqui hoje receber uma bênção. Não pretendiam propriamente adorar a Deus e muito menos serem afetados por algo que ouvissem. Vocês são como a beirada da estrada, que jamais aspirou ser campo arado. Se um grão de verdade caísse no coração deles e vicejasse, seria um milagre, uma grande maravilha, como o grão que cai sobre chão batido e floresce. São os ouvintes da beira do caminho. Quando a semente é espalhada com certa destreza, uma parte acaba caindo em vocês e permanece algum tempo em seus pensamentos. É verdade que não a compreendem bem, mas se ela se depositar em vocês com certa habilidade, é capaz de ali habitar por algum tempo. Até que outra diversão mais atraente acabe por atraí-los, irão falar sobre as palavras que ouviram do ministro da verdade. No entanto, até este leve proveito será passageiro, pois em pouco tempo cairão de novo nas pessoas que são.
Seu coração é como uma estrada lotada: há tantos pensamentos, cuidados, pecados, tanto orgulho, vaidade, perversidade e rebeldia contra Deus, em movimento tão intenso e contínuo que a verdade, como a semente lançada à beira do caminho, não consegue crescer e acaba esmagada; mesmo que sobreviva por um instante, pássaros vêm e a roubam.
.Sim, é muito triste saber que, ao espalhar-se a boa semente junto à estrada, não é apenas o pé do homem que a impede de crescer; até o pé de um santo pode ajudar a encerrar a vida que nela existe. Pois o coração do homem pode ser endurecido não apenas pelos pecados, mas até mesmo pela pregação do evangelho. Existe isso, de uma pessoa ser endurecida pelo evangelho. É possível se acostumar a ouvir sermões, e somente ouvi-los, nada mais, a tal ponto de o coração acabar morto, calejado ou descuidado. ministro após ministro andou pela estrada de sua alma até deixá-la a tal ponto rija, endurecida, que, a não ser que ao próprio Deus agrade abrir um sulco nela, mediante um terremoto ou um tremor no coração, jamais haverá espaço para a semente celestial ali se enraizar. Sua alma se tornou uma estrada dura e batida, com um tráfego intenso passando, sem parar, sobre ela.
Meu irmão isso aqui é muito sério se vocês têm ouvido o evangelho desde a juventude sem resultado, pensem quantos sermões já foram desperdiçados com vocês! Durante a juventude, ouviram o pregador Fulano, e como pregava de maneira tão preciosa a ponto de seus olhos ficarem vermelhos pelas lágrimas! Vocês certamente se recordam dos muitos domingos em que disseram para si mesmos: “Voltarei para casa, irei para o meu quarto, dobrarei meus joelhos e orarei!” Mas jamais o fizeram; as aves logo comeram a semente e vocês continuaram pecando como sempre. Desde então, por conta de algum impulso estranho, raramente faltam aos encontros na casa de Deus; no entanto, as fagulhas do evangelho caem sobre sua alma como se caíssem no oceano e fossem apagadas para sempre. Pode ser que a lei seja como um trovão para vocês, e vocês têm respeito por ela e não zombam dela, mas jamais se deixam afetar por ela. Mesmo com Jesus Cristo crucificado; com suas dolorosas feridas sendo expostas; mesmo que seu sangue jorre diante de seus olhos e pra alguns essacena é indiferente. Todavia, mesmo que façamos o que podemos e o que desejamos para vocês, de nada adiantará para penetrar em seu espírito insensível, e não conseguiremos inserir em seu coração um único pensamento santificado. O que podemos fazer por esses? Nós como presbiteros e pastores ficaremos aqui e faremos chover lágrimas sobre sua estrada endurecida? As nossas lágrimas não conseguem penetrar no solo; é duro demais para isso. Devo usar do arado do evangelho? Pois corta até o aço. Mas em sua alma nada consegue. O que faremos? Ó Deus, tu sabes como partir o diamante em pedaços. Sabes como amolecer o coração endurecido com o precioso sangue de Jesus.
C. H. Spurgeon, Milagres e Parábolas do Nosso Senhor: A Obra e o Ensino de Jesus, em 173 Sermões Selecionados, ed. Juan Carlos Martinez, trans. Emirson Justino, Jurandy Bravo, e Lilian Jenkino, 1a edição. (São Paulo, SP: Hagnos, 2016), 1586–1587.
2º Solo - De início, parece que uma semente lançada em solo rochoso brota muito facilmente. As rochas, aquecidas no verão, desprendem, pouco a pouco, nos meses de inverno, o calor armazenado. Há chuva suficiente e o calor e a umidade fazem o grão germinar prontamente. Os brotos verdes despontam rapidamente, e enquanto o resto do campo está ainda árido e infrutífero, apresentam um espetáculo impressionante. Só que o agricultor que tem o olho treinado vê a diferença. Ele sabe que a aparência das hastes verdes no solo rochoso é enganosa. Quando cessarem as chuvas e o sol da primavera chegar esquentando a terra, as plantas murcharão. Elas não têm raízes profundas capazes de suprir a planta de água. Elas definharão e morrerão.
Na interpretação desse segmento da parábola, tanto Mateus como Marcos mostram o imediatismo. “Semelhantemente, são estes os semeados em solo rochoso, os quais, ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam” (Mc 4.16–17). O imediatismo é ressaltado na rápida germinação do grão lançado em terreno rochoso.
Enquanto Mateus e Marcos atribuem a apostasia às dificuldades e à perseguição, Lucas fala em “hora da provação” (Lc 8.13). Os evangelistas se referem ao sofrimento que faz com que as pessoas mudem de opinião sobre a religião. Quando chega a hora de tomar posição e pagar o preço, mudam de interesse e se desligam da fé que uma vez aceitaram com alegria. Uma palavra define essas pessoas: superficialidade. O sol, geralmente considerado fonte de felicidade e alegria, é retratado aqui em termos de angústia e perseguição. A razão desse aparente rigor é a falta de umidade. O justo, por sua vez, floresce como uma árvore plantada junto a corrente de águas (Sl 1.3). À pessoa superficial faltam convicção (Não foi isso que aprendemos pela manhã com o Pr Fábio, lá em Ageu 2?), falta coragem, falta estabilidade e perseverança. Ela é influenciada por qualquer vento de doutrina que sopre em seu caminho. Porque não tem profundidade, sua vida espiritual tem significação passageira.
No mesmo comentário Spurgeon diz - Quer preguemos sobre os rigores da lei ou o amor no Calvário, emocionam-se da mesma maneira e, aparentemente, ficam impressionados de forma comovente. Há algumas pessoas deste tipo aqui hoje. Elas se decidem por Cristo, hesitam, tornam a se decidir, e acabam adiando sua decisão. Não são inimigos de Deus que se revistam de uma couraça de aço, mas, pelo contrário, se apresentam de peito aberto ao ministro, conclamando: “Pode mirar aqui suas flechas. Elas encontrarão abrigo adequado”. Felizes, ali atiramos nossas flechas, que, parece, irão penetrar no coração; mas, espere, há uma armadura quase invisível, que desvia qualquer seta, e esta, apesar de permanecer por um tempo, logo acaba sendo removida, sem que qualquer obra tenha início.
C. H. Spurgeon, Milagres e Parábolas do Nosso Senhor: A Obra e o Ensino de Jesus, em 173 Sermões Selecionados, ed. Juan Carlos Martinez, trans. Emirson Justino, Jurandy Bravo, e Lilian Jenkino, 1a edição. (São Paulo, SP: Hagnos, 2016), 1587.
.Não obstante, somos muito gratos a estes visitantes. Não podemos negar que em tudo parecem ter a graça. Por vezes os recebemos na igreja, mas por uma ou duas semanas deixam de frequentar regularmente um local de adoração. Então os repreendemos gentilmente, ao que respondem que, bem, encontraram tanta oposição na religião que se contentam em ter pouco dela. Mais uma semana e os perdemos por completo. Seu motivo é que fizeram pouco caso deles, que encontraram mais oposição e por isso retrocederam mais ainda. São como os Volúveis, em Bunyan, que queriam ir para o céu com o principal personagem, cristão, pois o céu é uma bela terra. Andam de braços dados com ele e conversam com doçura acerca do mundo futuro. Mas adiante há um lamaçal — o Pântano do Desespero — onde Cristão se lança, acompanhado do sr. Volúvel. “Oh!”, exclama este, “não esperava por isto; não concordei em encher a minha boca de lama! Se eu conseguir sair daqui quero voltar, e você pode ficar com toda a minha parte da bela terra”. Então, o pobre homem se debate quanto pode e acaba chegando à margem que dá para as suas terras; feliz, regressa, pensando ter escapado da terrível necessidade de ser um cristão.
C. H. Spurgeon, Milagres e Parábolas do Nosso Senhor: A Obra e o Ensino de Jesus, em 173 Sermões Selecionados, ed. Juan Carlos Martinez, trans. Emirson Justino, Jurandy Bravo, e Lilian Jenkino, 1a edição. (São Paulo, SP: Hagnos, 2016), 1588.
.O ouvinte superficial A camada fina de solo sobre uma camada de rochas ilustra uma pessoa de coração superficial que responde imediatamente, mas apenas de modo pouco profundo. Ela cria folhas verdes rapidamente, mas morre na mesma velocidade, antes de chegar à maturidade fértil. Esse tipo de crescimento é inútil para qualquer propósito rentável.
MacArthur, John. As parábolas de Jesus comentadas por John MacArthur: Os mistérios do Reino de Deus revelados nas histórias contadas pelo Salvador (Portuguese Edition) (p. 61). Thomas Nelson Brasil. Kindle Edition.
3º Solo - A semente lançada entre os espinhos parece ter maior probabilidade de crescer e de se desenvolver do que aquela que foi lançada em solo pouco profundo. Primeiro, após um período de germinação, as plantas começam a brotar. De fato, por ocasião da primavera parecem viçosas e não se diferenciam das outras. Mas, quando o calor do sol se torna mais forte e aquece a terra, as raízes dos espinheiros e dos cardos renascem. Depois de descansarem durante o inverno, estão prontas para uma nova estação, e em questão de semanas os espinhos e os cardos já ultrapassaram o trigo em altura. Elas o privam da umidade e dos nutrientes da terra e, literalmente, o sufocam até à morte.
O solo em que a semente foi lançada não é duro como o chão pisado da beira do caminho, nem raso e rochoso. Ele é, antes, um solo bom – fértil e úmido. O único problema é que aquele chão tem outros habitantes permanentes, outras raízes. A semente lançada em terra fértil e úmida terá, muito breve, de disputá-la com raízes que crescem e se desenvolvem abaixo do solo, e com verdejantes cardos e espinhos à superfície. Resumindo, dois tipos de plantas estarão lutando por um lugar ao sol e vencerá aquela que assentou suas raízes antes e mais profundamente.
Na interpretação 22O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém as preocupações deste mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
O homem que leva uma vida dupla – religião aos domingos e vida sem religião durante a semana – logo descobrirá que “os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições” vencerão, e sua fé se tornará sem valor. A mensagem do evangelho não pode florescer e dar fruto; ao contrário, ela é sufocada pelos cuidados do mundo. Esse homem tem levado uma vida dupla, desde o início. Encontrou segurança na riqueza e no que possui. Relegou, propositadamente, sua fé a um lugar secundário. Ele é o homem que colhe espinhos e cardos e, finalmente, apenas espinhos e cardos. Mesmo o que tem lhe será tirado.
Está preso aos emaranhados da vida que construiu que o buscar primeiro o reino de Deus foi para 10 lugar da lista e lá ficou, tentam resolver sua culpa de não colocar em primeiro lugar o reino que doam, bons valores de dízimos e ofertas, batem crachá aqui como se pertencessem realmente a Deus, fazem bem o meio de campo, mas seus corações estão apertados, pelos espinhos do prazer desse mundo que sufacam a semente
Essas três representações do campo não devem desencorajar o lavrador. Do mesmo modo, as três descrições das pessoas cuja fé se tornou infrutífera não devem desanimar o crente verdadeiro.
Com isso chegamos ao 4º Solo - A semente que foi lançada em boa terra produziu colheita abundante. As pessoas que respondem com fé ao evangelho são inumeráveis, multidões incalculáveis. “Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um” (Mt 13.23). Marcos apresenta uma ordem ascendente de “a trinta, a sessenta e a cem por um”. Lucas, na parábola propriamente dita, apenas cita que “produziu a cem por um”, mas na interpretação, diz: “A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança” (8.15). Onde Lucas usa “retêm”, Marcos usa “recebem” e Mateus “compreende”.
Quem é, então, aquele que possui um coração reto e bom? Mateus responde: “o que ouve a palavra e a compreende”. O evangelista, naturalmente, tem em mente a citação de Isaías. O homem reto de coração faz a vontade de Deus e, ouvindo o chamado de Deus – “a quem enviarei?” –, responde confiante: “Envia-me a mim, ó Senhor”. Ele é aquele que ouve e pratica a Palavra. Ele compreende porque o seu coração é receptivo à verdade de Deus. Todo o seu ser – vontade, mente e emoção – é tocado pela Palavra. Há um crescimento espiritual, e aquele que crê frutifica; ele faz a vontade de Deus.
Ainda com Spurgeon - Então a semente ali caiu e brotou. Produziu amor ardente, aumento do coração, devoção aos propósitos de Deus, exatamente como a semente faz com aqueles que rendem cem vezes mais frutos. A pessoa se tornou um grande servo, por Deus desgastou-se a si mesmo e por Deus foi grandemente usado. Tomou a dianteira das fileiras do exército de Cristo, participou ativamente do calor da batalha, realizou feitos que poucos ousados conseguiriam alcançar — a semente rendeu cem vezes mais. Caiu também em outro coração, que embora não haja feito tanto, mas ainda assim muito realizou. Entregou-se a Deus conforme se encontrava, e em seu trabalho do mundo tinha sempre uma palavra a dizer sobre os negócios de Deus no mundo vindouro. Em sua caminhada diária, honrava a doutrina de Deus, seu Salvador — e rendeu sessenta vezes mais frutos. A semente caiu ainda em um terceiro coração, cuja capacidade e talentos eram pequenos; jamais seria uma estrela, mas podia ser um vagalume; não tinha como ser o melhor, mas se contentava em poder fazer alguma coisa, ainda que fosse o mínimo. A semente rendeu nele vinte, talvez até 30 vezes mais frutos.
C. H. Spurgeon, Milagres e Parábolas do Nosso Senhor: A Obra e o Ensino de Jesus, em 173 Sermões Selecionados, ed. Juan Carlos Martinez, trans. Emirson Justino, Jurandy Bravo, e Lilian Jenkino, 1a edição. (São Paulo, SP: Hagnos, 2016), 1591.
O que a parábola ensina? Alguns estudiosos têm chamado a parábola do semeador de parábola das parábolas. Isso não significa que tenha maior destaque nos Evangelhos sinóticos, mas, antes, que ela contém quatro parábolas em uma. As 4 apontam para uma verdade: a Palavra de Deus é proclamada e ocasiona uma divisão entre os que a ouvem; o povo de Deus recebe a Palavra, a compreende e obedientemente a cumpre; outros deixam de ouvir pela dureza de seus corações, por serem basicamente superficiais, ou por interesse em riquezas e posses. Essas pessoas não frutificam e, espiritualmente falando, até o que têm lhes será tirado. A parábola, portanto, atinge aqueles que realmente fazem parte da igreja e os que estão “à margem”. Esse é o tom principal da parábola. Todos os seus pormenores na parábola focalizam a atenção nesse ponto. A proclamação fiel do evangelho nunca deixará de produzir fruto, “trinta, sessenta ou mesmo cem vezes o que foi semeado”.
Simon J. Kistemaker, As Parábolas de Jesus, trans. Eunice Pereira de Souza, 3a edição. (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011), 41–44.
Então o ciclo recomeça…
.“Eis que o semeador saiu a semear”. Sim, Cristo crê ser digno de menção que um único semeador tivesse saído a semear, que um cristão tenha ido pregar em uma reunião numa praça rural ou conduzido uma classe bíblica, ou tivesse falado em qualquer lugar em nome do Senhor! Mas, quando pensamos sobre as centenas de pregadores do evangelho que saem a semear todos os domingos e nas miríades de professores que vão instruir as crianças em nossa Escola Dominical, é certamente, no conjunto, o acontecimento mais importante sob o Céu!
Ao receber da palavra aqui no culto não perca tempo, digira isso e comece a pregar, primeiro para você e depois para sua família, tendo oportunidade pregue aos seus colegas! isso é rico demais para ficar só para você
““Já estive em um culto hoje e fui espiritualmente alimentado, assim devo ir para os albergues da Casa da Moeda e falar com as pessoas de lá, ou encontrar outra ocupação santa na qual eu possa fazer o bem ao próximo”. Desta forma, ele saiu a semear, e eu gostaria de estimulá-los a fazer o mesmo! Talvez eu não precise dizer muito sobre essa questão ao meu povo aqui reunido, mas também há muitos visitantes entre nós. Eu gostaria de fazer com vocês o mesmo que Sansão fez com as raposas e os fachos em fogo. Temos cristãos professos demais que estão fazendo quase nada!
C. H. Spurgeon, Sermões de Spurgeon sobre as Parábolas, trans. Dayse Fontoura, 1.a edição., Série de Sermões—C. H. Spurgeon (Curitiba, PR: Publicações Pão Diário, 2020), 19.
.......O pregador não pode salvar almas, assim não deverá assumir a responsabilidade que não lhe pertence.
E nesse momento ele não saiu para colher. Há muitos exemplos nos quais o segador sobrepuja o semeador, e Deus salva almas no instante em que estamos pregando. Mesmo assim, o que esse homem saiu a fazer foi semear. Quer haja ou não almas sendo salvas, nosso trabalho é pregar o evangelho, todo o evangelho, e nada mais do que o evangelho; e precisamos nos manter nesse ponto — pregar Jesus Cristo, e este crucificado. Isso é lançar a semente. Não podemos criar a colheita, que virá no tempo de Deus.
C. H. Spurgeon, Sermões de Spurgeon sobre as Parábolas, trans. Dayse Fontoura, 1.a edição., Série de Sermões—C. H. Spurgeon (Curitiba, PR: Publicações Pão Diário, 2020), 23–24.
Conclusão
.O que ele fez em sua semeadura é registrado de alguma forma, mas apenas o que se refere a seu trabalho em especial. Onde sua semente caiu, como cresceu ou não, e o que resultou disso está tudo lá. No entanto, nada se diz sobre sua vida ou história. Oro para que vocês não estejam ansiosos por coisa alguma que venha embalsamar sua reputação. O embalsamamento é para os mortos. Assim, que os vivos possam contentar-se em deixar que seu nome e sua fama sejam dispersados pelo mesmo vento que os trouxe. Afinal, de que importa nossa reputação? É apenas a opinião ou o hálito dos homens, e isso é de pouco ou nenhum valor para o filho de Deus. Sirvam a Deus fielmente e depois deixem seu nome e fama a Seu cuidado. Há um dia porvir em que os retos brilharão como o Sol no reino de seu Pai!
.Quanto a vocês, almas queridas, que nunca receberam a semente viva, ó que a recebam neste exato momento! Que Deus, o Espírito Santo, torne cada um de vocês como solo bem preparado que abre bocas para receber a semente e que depois a encerra dentro de si e a faz frutificar! Que Deus os abençoe! Que Ele jamais permita que vocês fiquem estéreis ou infrutíferos, mas que possam gerar colheita para Sua glória, em nome de Jesus! Amém.
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