Lamento e restauração - Salmos de Corá

Salmos de Corá  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Texto

Sl 85 “Ao mestre de canto. Salmo dos filhos de Corá 1 Favoreceste a tua terra, Senhor; restauraste a prosperidade de Jacó. 2 Perdoaste a iniquidade de teu povo, encobriste todos os seus pecados. 3 A tua indignação, reprimiste-a toda; do furor da tua ira te desviaste. 4 Restabelece-nos, ó Deus da nossa salvação, e retira de sobre nós a tua ira. 5 Estarás para sempre irado contra nós? Prolongarás a tua ira por todas as gerações? 6 Será que não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se alegre o teu povo? 7 Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação. 8 Escutarei o que Deus, o Senhor, disser, pois falará de paz ao seu povo e aos seus santos; e que jamais caiam em insensatez. 9 Próxima está a salvação dos que o temem, para que a glória habite em nossa terra. 10 A graça e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram. 11 Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar. 12 Também o Senhor dará o que é bom, e a nossa terra produzirá o seu fruto.
Sl85.13 “13 A justiça irá adiante do Senhor, cujas pegadas ela transforma em caminhos.”
Introdução
Ne 12.46 “46 Pois já no passado, nos dias de Davi e de Asafe, havia chefes dos cantores, cânticos de louvor e ações de graças a Deus.” Mais um belo Salmo de lamento dos filhos de corá, já estudamos aqui os capítulos 42/43/44, não existe uma data ou um autor específico; mas mais uma vez um autor desconhecido.... tocado... purificado... e exaltado pelo fogo da inspiração inspiração divina; Homens esses como ja dissêmos nas outras pregações.
é mais uma relíquia preciosa - É interessante refletir sobre a origem anônima de alguns dos Salmos: lembrar o quanto a igreja de Deus é devedora de alguns homens dignos sem nome que escreveram para nós - hinos e cânticos espirituais. Esses homens santos já faleceram, não deixaram registro de sua história, mas deixaram sentimentos ricos, sentimentos variados e e principalmente inspirados, que tornarão a igreja devedora deles até o fim dos tempos.
Agora quanto a data que foi escrito esse hino, olhando ai o contraste do versos 1-3 e que falam de uma recente restauração do povo, e a oração nos versículos 4-7, que pede uma nova restauração ou reavivamento, que o salmo seja da época logo após o retorno dos judeus de seu cativeiro de setenta anos na Babilônia.
Esse pode não ser o cenário correto para esse salmo. Vários intérpretes importantes duvidam disso. Mas, mesmo que não seja, a condição dos exilados logo após seu retorno da Babilônia o que mostra pra gente é um tipo de desânimo do qual esse salmo vem pra nós.
No início, o povo deve ter sentido alegria por poder voltar à sua terra natal. Eles teriam confessado com gratidão que Deus havia de fato restaurado sua sorte, perdoado seus pecados e desviado sua ira (Sl 85:1-3). Mas quando esses primeiros e excelentes começos fracassaram e o movimento para reconstruir a cidade e a nação parou.. minguou..., o desânimo e até mesmo o desespero se instalaram. De acordo com o capítulo inicial de Neemias, o povo reconheceu francamente que estava "em grande angústia e desgraça".
O que o povo de Deus faz em tais circunstâncias? Eles oram e esperam que Deus responda. O Salmo 85 é esse tipo de oração. Se o retorno do exílio é o verdadeiro cenário histórico, Deus respondeu à oração enviando Neemias para reconstruir os muros, reconstituir a nação e elevar o povo a novos níveis de espiritualidade e alegria.
Portanto, vamos olhar para o nosso salmo dessa forma. Vamos nos aprofundar aqui por esses passos que ele dá para que um cristão desanimado, talvez você, possa ser elevado da depressão espiritual a novos níveis de alegria em Cristo por esse salmo.
Para nos prepararmos para essa exposição, observemos quão estranhamente as palavras não são expressas no presente - "Ouvirei o que Deus, o Senhor, disser: Porque ele falará de paz ao seu povo"
Exposição
Versos Sl85.1-3 “1 Favoreceste a tua terra, Senhor; restauraste a prosperidade de Jacó. 2 Perdoaste a iniquidade de teu povo, encobriste todos os seus pecados. 3 A tua indignação, reprimiste-a toda; do furor da tua ira te desviaste.”
O primeiro versículo trata da terra e da reversão da sorte do povo. Mas o que chama a atenção nessa estrofe inicial é o fato de ela não se concentrar na restauração da terra, mas sim no perdão dos pecados e na remoção da ira de Deus, que veio antes.
Praticamente uma confissão de fé - O salmista recorda a graciosidade de Deus para com seu povo e terra no passado (vs. 1,2). A expressão “restaurar a sorte” pode também ser traduzida “trazer de volta do cativeiro” (ver texto e notas da NIV em Jr 29.14 “14 Serei achado por vocês, diz o Senhor, e farei com que mude a sorte de vocês. Eu os congregarei de todas as nações e de todos os lugares para onde os dispersei, diz o Senhor, e trarei vocês de volta ao lugar de onde os mandei para o exílio.”” e Sl 126.1 “1 Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha.” ). Deus ouviu e respondeu as orações urgentes do povo no exílio.
Allan Harman, Salmos, trans. Valter Graciano Martins, 1a edição., Comentários do Antigo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011), 310.
. Deus deixara claro que estava irado com seu povo em decorrência de todos os seus pecados, e por isso ele os enviou ao exílio (ver 2Rs 17.18; 2Cr 36.16–21). Agora o salmista se rejubila ante o fato de que essa ira JUSTA foi substituída pelo favor terno (v. 3). A prova do perdão de Deus foi visto no regresso do exílio, pois o pecado de Israel fora pago (Is 40.2 “2 “Falem ao coração de Jerusalém e anunciem que o tempo da sua escravidão já acabou, que a sua iniquidade está perdoada e que ela já recebeu em dobro das mãos do Senhor por todos os seus pecados.”” ).
Meus irmãos - Certamente o que mais nos chama a atenção aí no ver so - 2. "Perdoaste a iniquidade do teu povo". Muitas e muitas vezes ele fez isso, parando para perdoar mesmo quando sua espada estava desembainhada para punir. Quem é um Deus perdoador como tu, ó Jeová? Quem é tão lento para se irar, tão pronto para perdoar? Todo crente em Jesus desfruta da bênção do pecado perdoado e deve considerar essa bênção inestimável como a garantia de todas as outras misericórdias necessárias. Ele deve suplicar a Deus: "Senhor, tu me perdoaste, e não me deixarás perecer por falta de graça, ou cair nas mãos de teus inimigos por falta de ajuda. Assim, o Senhor não deixará Sua obra inacabada". "Cobriste todos os seus pecados." Todo ele, cada mancha e ruga, o véu do amor cobriu tudo. O pecado foi divinamente colocado fora de vista. Escondendo-o sob o propiciatório, cobrindo-o com o mar da expiação, apagando-o, fazendo com que deixe de existir, o Senhor o afastou tão completamente que até mesmo Seu olho onisciente não o vê mais. Que milagre é esse! Tapar o sol seria um trabalho fácil comparado ao encobrimento do pecado. Não é sem uma cobertura expiatória que o pecado é removido, mas, por meio do grande sacrifício de nosso Senhor Jesus, ele é eliminado de forma mais eficaz em um único ato, para sempre.
3. "Tu tiraste toda a tua ira". Tendo removido o pecado, a ira também é removida. Quantas vezes a longanimidade de Deus retirou de Israel os castigos que haviam sido impostos a eles com justiça! Quantas vezes também a mão castigadora do Senhor foi removida de nós quando nossa desobediência exigia golpes mais pesados! "Tu te desviaste do furor da tua ira". Mesmo quando os julgamentos foram mais severos, o Senhor, por misericórdia, suspendeu sua mão.
Se nos lembrarmos da misericórdia de Deus para conosco no perdão de nossos pecados, talvez não seja necessário irmos mais longe no caminho de quatro passos sugerido por esse salmo. Ao darmos apenas esse passo, talvez descubramos que já estamos saindo do desânimo e logo estaremos louvando a Deus novamente, em vez de reclamar com ele.
No versos de 4-7 há um clamor por Salvação (“4 Restabelece-nos, ó Deus da nossa salvação, e retira de sobre nós a tua ira. 5 Estarás para sempre irado contra nós? Prolongarás a tua ira por todas as gerações? 6 Será que não tornarás a vivificar-nos, para que em ti se alegre o teu povo? 7 Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua salvação.” )
O Momento era terrível e a situação imediata que o salmista agora foca. Como eles conheciam a Deus que no passado breve foi misericordioso, então ele busca uma nova demonstração da misericórdia divina para com o povo em sua atual necessidade (v. 4). A maneira com que eles oram a Deus, aponta principalmente a confissão de pecado quando o salmista suplica pela remoção da ira de Deus.
Súplicas semelhantes à dos versículos 5 e 6 são encontradas em outros salmos quando o povo suspira pela cessação da ira divina. (ver Sl 79.5 “5 Até quando, Senhor? Será para sempre a tua ira? Queimará como o fogo o teu zelo?” ; Sl 80.4 “4 Ó Senhor, Deus dos Exércitos, até quando estarás indignado contra a oração do teu povo?” ; Sl 89.46 “46 Até quando, Senhor? Ficarás escondido para sempre? Até quando a tua ira queimará como fogo?” )
Interessante como o Salmista aqui coloca seu ponto, é quase um atrevimento. Allan Harman em seu comentário coloca assim: É natural que nossos inimigos estejam sempre irados, mas será que tu, nosso Deus, estarás sempre irado contra nós? Toda palavra é um argumento. Homens em perigo nunca desperdiçam palavras. "Porventura estenderás a tua ira a todas as gerações?" Os filhos sofrerão pelas falhas de seus pais e a punição se tornará uma herança obrigatória? Ó Deus misericordioso, você tem a intenção de prolongar a sua ira e torná-la tão longa quanto as eras?
Olhando para essa última parte do salmo, não fica dúvida de que o salmista sabia que esta ira não iria ser exibida para sempre contra o povo. Estava chegando o tempo em que o favor de Deus os cobriria, e então o povo seria feliz no Senhor. Essa palavra reaviva tem as conotações O significado se aproxima de “preservar vivo”, “manter a vida”. A esperança aqui se torna quase confiante. o Salmista tem certeza de que o Senhor voltará com todo o seu poder para salvar. Estamos mortos ou morrendo, fracos e debilitados, somente Deus pode nos reviver, ele já reanimou seu povo em outras ocasiões, ele ainda é o mesmo, ele repetirá seu amor. A alegria no Senhor é o fruto mais maduro da graça, e todos os reavivamentos e renovações levam a ela. Por meio de sua posse, podemos avaliar nossa condição espiritual, pois é um indicador seguro da prosperidade interior.
O que o salmista deseja é uma nova exibição do amor pactual, o que aqui é equivalente a “salvação” (v. 7). Seu apelo no versículo 4 é ao “Salvador”. Agora ele busca “salvação” da parte de Deus no sentido de livramento das tribulações atuais.
Allan Harman, Salmos, trans. Valter Graciano Martins, 1a edição., Comentários do Antigo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011), 311.
Do versos 8-9 há um esperar de Deus - SL 85.8-9 “8 Escutarei o que Deus, o Senhor, disser, pois falará de paz ao seu povo e aos seus santos; e que jamais caiam em insensatez. 9 Próxima está a salvação dos que o temem, para que a glória habite em nossa terra.”
.Tendo se lembrado das misericórdias passadas de Deus e orado por uma renovação dessas misericórdias em seus próprios dias, o salmista faz o que Habacuque fez em uma situação quase idêntica. Ele espera que Deus responda (vv. 8-9). O texto diz: "Ouvirei o que Deus, o SENHOR, disser".
Habacuque foi um profeta menor que viveu em uma época em que Israel estava longe do Senhor e pediu a Deus que enviasse um avivamento, que é exatamente o que o autor do Salmo 85 está fazendo. Infelizmente, Deus disse a Habacuque que enviaria julgamento, permitindo que os babilônios invadissem Judá e levassem o povo para o cativeiro. Isso gerou uma ansiedade e um medo tremendos em Habacuque, e ele fez várias perguntas a Deus sobre o assunto. Ele não conseguia entender como Deus poderia usar uma nação ímpia para punir o povo que, embora não fosse muito piedoso naquela época, era, no mínimo, mais piedoso do que os babilônios. Habacuque fez suas perguntas e depois disse,
Ficarei de olho em meu relógio
e me posicionar nas muralhas;
Vou ver o que ele vai me dizer,
e que resposta devo dar a essa queixa (Hab. 2:1).
Quando Deus respondeu, foi para dizer que, com o tempo, a própria nação babilônica seria julgada e que, enquanto isso, os justos deveriam viver pela fé (Hc 2.4 “4 “Eis que a sua alma está orgulhosa! A sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” ).
.O versículo 10 (Sl 85.10 “10 A graça e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram.” ) é uma das grandes seções poéticas dos Salmos. É mais conhecido na versão King James: "A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram".
Isso geralmente é entendido como apontando para a obra de Jesus Cristo na expiação de nossos pecados, pela qual somente Deus é capaz de satisfazer as exigências de sua retidão ou justiça e, ao mesmo tempo, demonstrar misericórdia para nós - aqueles que ficaram muiiiiito longe dos padrões justos.
Mas o quadro pintado por esses versículos é maior e mais abrangente do que isso. Na verdade, eles estão ansiosos por um estado e um tempo ideais em que a harmonia que existe em Deus também permeará e dominará a criação de Deus.
O demônio é o grande perturbador. Ele trouxe desarmonia ao universo. Deus traz harmonia. Nesses versículos, quatro grandes atributos de Deus se encontram - amor, fidelidade, justiça e paz - e então, IMAGINEM as figuras de quatro generais do Exército conquistadores, marcham lado a lado para uma vitória que é a esperança segura e certa do povo de Deus. Eles andam em HARMONIA:
1. A harmonia em Deus. Quando falamos que a misericórdia e a verdade, bem como a justiça e a paz, estão reconciliadas em Deus por causa da obra de Jesus Cristo, insinuamos que, de alguma forma, elas estão em conflito. Mas as qualidades de Deus nunca estão em conflito, e o salmo certamente não está falando de um conflito. Pelo contrário, o amor e a fidelidade, a justiça e a paz estão sempre em casa em Deus, e é dessa harmonia divina que todas as outras harmonias vêm. Só temos paz quando descansamos Nele.
2. Harmonia entre o céu e a terra. A segunda harmonia é entre Deus e o homem, que é o que o versículo 11 sugere quando fala da fidelidade que brota da terra e da justiça que desce do céu. ou seja, o versículo é melhor visto como apontando para um estado no qual o povo de Deus vive em fiel obediência a Deus e é abençoado por Ele. Quando isso acontece, a salvação chega de fato a um povo e a glória de Deus habita em sua terra.
3. Uma harmonia no homem. A terceira harmonia está no próprio homem. Pois essas qualidades - amor, fidelidade, justiça e paz - não estão entre os atributos incomunicáveis de Deus, o que significa que são exclusivamente de Deus e não podem ser compartilhadas com o homem. São qualidades comunicáveis. Elas podem ser compartilhadas e, portanto, podem e devem aparecer naqueles que são o povo de Deus. Além disso, quando elas aparecem em nós, descobrimos que estamos em paz não apenas com Deus, mas também conosco e uns com os outros. De fato, nos tornamos pacificadores em um mundo cruel, belicoso e desarmônico.
E eu quero terminar com um exemplo que encontrei durante os estudos que remeteram ao Salmos 85 -
Oliver Cromwell, o Lorde Protetor da Inglaterra entre a execução de Carlos I e o restabelecimento da monarquia sob Carlos II, adorava os salmos.
Em 16 de setembro de 1656, um dia antes da reunião do segundo Parlamento do Protetorado, ele estava lendo o Salmo 85 em Whitehall. Era uma terça-feira. Na quarta-feira, o Parlamento foi aberto, e Cromwell se dirigiu aos membros com um discurso baseado em parte nesses versículos: "Ontem li um salmo que, na verdade, talvez não seja impróprio que eu lhes conte e que vocês observem. É o Salmo 85; é muito instrutivo e significativo; e embora eu o toque apenas um pouco, desejo que o leiam com prazer". Em seguida, ele expôs esses versículos como uma expressão de sua visão e esperança de que, por meio da fidelidade deles a Deus, a justiça pudesse reinar na Inglaterra e uma era melhor, mais refinada, mais feliz e mais harmoniosa pudesse surgir. Isso nunca foi perfeitamente alcançado, é claro. Mas foi, em parte, e ainda é, sempre que o povo de Deus se afasta de sua insensatez e é reavivado por Ele.
13. "A justiça irá adiante dele, e nos porá no caminho de suas pisadas." A marcha da justiça de Deus deixará um rastro que seu povo seguirá com alegria. Aquele que feriu com justiça também abençoará com justiça e, em ambos os casos, manifestará sua retidão, de modo a afetar o coração e a vida de todo o seu povo. Essas são as bênçãos do primeiro advento de nosso Senhor, e esse será ainda mais claramente o resultado de sua segunda vinda. Assim mesmo, venha, Senhor Jesus. Amém.
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