FILHOS, DE QUEM É ESTE PROBLEMA?

FAMÍLIA EM APUROS: O drama entre verdades e mentiras   •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Constituir uma família com filhos se tornou um dilema para as novas gerações de casados. Filhos é sinônimo importunação e atrapalho. Filhos são estraga prazeres para uma sociedade hedonista. Afinal de contas por que ter filhos é importante e como a família expressa a graça de Deus.

Notes
Transcript

Introdução

A decisão de ter filhos parecia uma loucura, com pouco tempo de casados, Amorzinho e Benzinho iniciaram sua saga existencial, ter ou não ter filhos? Como quem garimpa bons conselhos, ou como quem está interessado na opinião alheia o jovem casal inicia as incursões entre encontros ocasionais com os amigos liberando pequenos flashes de seu embrionário projeto.
- Será como será ter filhos, comenta Benzinho.
- Olha, só quem é maluco que entra numa dessas, diz Sabe Tudo Solteirão.
Em um outro espaço, Amorzinho faz comentários que acha muito legal ver crianças brincando no meio da casa.
- Deve ser uma experiência interessante, diz ele.
- Filhos são atrasos de vida, estava louca para fazer um viagem de aniversário de casamento, mas o dinheiro hoje não paga nem o combustível ao aeroporto as despesas são enormes, diz Romance Frustrado.
Parece que a incursão do nosso casal não foi muito promissora. Mas os planos de terem seu primeiro filho está de pé.
Empreender nessa seara não é uma coisa fácil hoje em dia. Não só os novos casais estão disposto a adiarem ou até mesmo abrirem mão de terem filhos, como os casais com filhos seja em qual fase for estão completamente perdidos.
Pais evangélicos em grade parte já desistiram dos filhos como herança (presentes) do Senhor. Filho é o tipo de pergunta que nos fazemos retoricamente, “onde estávamos com a cabeça?”
Eu não psicólogo, nem terapeuta familiar, mas como pastor e teólogo penso que temos muito a contribuir com este tema, na verdade sem presunção, diria que sem uma base teológica/espiritual na criação de filhos iremos desaguar nas frustrações.
Existem variantes infindáveis quando o assunto são filhos, seja na fase mais infantil ou mesmo na adolescência cuidar de filhos se tornou uma aventura hércula.
Como não conseguimos dar conta de todas a nuances desse tema em 50 minutos, vou buscar apresentar aqui um quadro panorâmico do contexto em que estamos vivendo, em seguida apresentar a resposta bíblica para a questão que é tema dessa mensagem e por fim buscarmos esperança para a construção de famílias biblicamente saudáveis e satisfação na criação dos nossos filhos.

Panorama geral, o que está acontecendo?

Se queremos saber quais são os planos de Deus para a criação dos nossos filhos precisamos antes de tudo compreender que espaço crianças e adolescentes tem tomado nos dias de hoje.
O perfil dos nossos adolescentes é um reflexo claro dessa nova sociedade com contornos culturais bastante diversificado. O que se tornaram nossos adolescentes tem muito haver como nós os pais os criamos e apresentamos este novo mundo a eles.
Na verdade, muitos de nós encontramos a solução do “céu” para contermos a atenção dos nossos filhos, o Smartphone. É o psicotrópico moderno para crianças agitadas.
Quero deixar bem claro, que reconheço que hoje temos uma série de novos diagnósticos para vários tipos de comportamentos de crianças, mas aqui me refiro aquelas crianças que não receberam nenhum tipo de diagnóstico especial.
Então deixa eu iniciar por aquilo que é distintivo desta geração, o Smartphone.
A autora Jean Twenge escreve um livro fenomenal que recomendo a todos inclusive aos pais, chamado iGen, porque as crianças superconectadas de hoje estão crescendo menos rebeldes, mais tolerantes, menos felizes e completamente despreparadas para a vida adulta. Vejamos algumas das suas observações:
Desde que nascemos havia iPads e iPhones, e acho que gostamos mais de nossos celulares do que de gente de verdade.
"No entanto, a tecnologia não é a único fator novo que molda a chamada iGen, ou geração i, em que o ‘i’ representa o individualismo marcante de seus membros, uma ampla tendência que norteia seu senso inabalável de igualdade, assim como sua rejeição às regras sociais tradicionais."
"Eles têm obsessão por segurança e temor por seu futuro econômico, e não toleram a desigualdade baseada em gênero, etnia ou orientação sexual. Eles estão em primeiro plano na pior crise de saúde mental em décadas, com taxas de depressão e suicídio entre adolescentes disparando desde 2011. Ao contrário da ideia corrente de que as crianças estão crescendo mais rapidamente do que as gerações anteriores, a geração i está crescendo mais lentamente: hoje, um jovem de dezoito anos age como um de quinze antigamente, e um de treze anos se comporta como se tivesse dez. Os adolescentes estão mais seguros fisicamente do que nunca, porém são mais vulneráveis mentalmente."
"Os resultados são claríssimos: os adolescentes que passam mais tempo em atividades com telas têm mais propensão a ser infelizes, e os que passam mais tempo em atividades sem telas têm mais propensão a ser felizes. Não há sequer uma exceção: todas as atividades com telas são ligadas a menos felicidade, e as atividades sem telas, a mais felicidade."
Um fator interessante ligado isto é que a autora observou em suas pesquisas que a infelicidade nesta geração está ligada diretamente ao uso constante das telas
"Mais uma vez, a diferença entre atividades com telas e sem telas é gritante: adolescentes que passam mais tempo diante de telas têm mais propensão a ser deprimidos, e os que passam mais tempo em atividades sem telas têm menos propensão a ser deprimidos (ver Figura 3.8). Alunos do 8º ano do ensino secundário que são usuários pesados de redes sociais aumentam seu risco de depressão em 27%, ao passo que aqueles que praticam esportes, vão a cultos religiosos ou fazem os deveres escolares em casa diminuem muito esse risco."
Essa é uma realidade mais voltada ao contexto dos EUA, no entanto como a cultura brasileira é em certo sentido um espelhamento desta cultura podemos afirmar que muito do que acontece por lá se reflete aqui.
Algo importante já podemos identificar, boa parte desses adolescentes não são hostis a espiritualidade mesmo que não a associem com religião.
Mas temos uma outra pesquisa interessante, essa feita no contexto brasileiro que nos dá um panorama do comportamento desses adolescentes.
Em um documento chamado Pesquisa Cultura da Juventude Global a OneHope junto com a Amme apresentaram alguns resultados de pesquisa feita no Brasil com nossos adolescentes, vejamos alguns resultados interessantes
Entre jovens não religiosos 59% dizem que suas crenças e espiritualidade são parte importantes de sua identidade.
Acompanhem estes quadros estatísticos:
Slides
Eu suponho que temos aqui uma visão panorâmica onde se encontram os nossos adolescentes, claro que existem muito mais aspectos a serem explorados mas aqui já temos uma ideia geral do contexto em que se encontra a nossa geração de adolescentes.

Agora é hora de ouvir a Bíblia

Ok, já temos alguns dados em mãos e isso nos ajuda a ter essa visão geral da realidade dos nossos adolescentes.
Acredito que o que precisemos agora seja uma orientação bíblica que afinal nos responda o que significa ser pais e como podemos ser parceiros de Deus na construção da identidade dessas criaturinhas tão especiais.
Para isso além do texto bíblico gostaria de compartilhar as percepções do Paul Tripp em seu excelente livro Desafio aos Pais, os 14 princípios do evangelho que podem mudar radicalmente sua família.
A pergunta que forma o tema dessa série não é evidentemente um afirmação, mas expressão que é passada pelos próprios pais de verem filhos como um problema.
Sabemos que filhos não são problemas, no entanto a forma como os criamos pode gerar um tipo de relacionamento dominador e que busca manter o controle de quem devem ser nossos filhos.
Para Paul Tripp o problema começa na percepção que os pais tem dos filhos como posse:
"Receio que a confusão e a disfunção presentes no desempenho dos pais geralmente tenham início na visão da paternidade como posse. Ela costuma ser inconsciente e é raro que seja declarada abertamente, mas opera com esta perspectiva da parte dos pais: “Esses filhos pertencem a mim, por isso posso criá-los da forma como achar melhor”."
"Olhamos para nossos filhos como se nos pertencessem e acabamos tomando atitudes obtusas, pouco úteis no longo prazo, mais reacionárias do que guiadas por um objetivo e alheias ao grande, sábio e extraordinário plano de Deus."
Este movimento não é necessariamente um ato egoísta, mas mudanças sutis no pensamento e motivação.
"A criação de filhos que se baseia na posse é motivada e moldada pelo que os pais desejam para seus filhos e de seus filhos. É movida por uma visão do que desejamos que nossos filhos sejam e que retribuição esperamos deles […] A tarefa de criar filhos que é apropriada e produz o que Deus deseja começa com o reconhecimento absoluto e submisso de que nossos filhos, na realidade, não nos pertencem. Pelo contrário, todo filho ou filha, em cada família, em qualquer lugar do planeta, pertence àquele que os criou. Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3) para o seu propósito. Isso significa que o plano de Deus para os pais é que sejam agentes divinos na vida daqueles que foram criados à sua imagem e confiados ao nosso cuidado."
O Paul Tripp afirma que ao invés de uma relação de posse devemos ter um papel de embaixadores do início ao fim. Criar filhos não se resume ao que desejamos para nossos filhos ou de nossos filhos, mas ao que Deus, em sua graça, planejou fazer por meio de nós em nossos filhos.
Então, a pergunta que fazemos é a seguinte, você é um proprietário ou um embaixador? Na verdade isso acaba sendo uma confusão porque horas sabemos que estamos agindo a favor dos planos de Deus, mas outras simplesmente queremos moldar nossos filhos aos nossos desejos.
O nosso autor procurar esta resposta a partir de quatro áreas da nosso vida: identidade, trabalho, sucesso e reputação.
Identidade: Onde você espera encontrar o sentido de quem você é.
Proprietário - Busca sua identidade nos filhos | Filhos sobrecarregados com o amor próprio dos pais |
Embaixador: Profundo senso de identidade | Motivados por significado e propósito | Não sentem a necessidade de se aproximarem dos filhos na esperança de obter deles o que nenhum filho é capaz de oferecer.
2. Trabalho: Aquilo que você define como obra que foi chamado para realizar.
Proprietário: Acreditam que sua função de proprietário transforma seus filhos em algo. | Tem uma imagem do que desejam que seus filhos devam ser. | Eles acreditam ter em si o poder e os recursos para fazer de seus filhos os filhos que imaginam.
Embaixador: São aqueles que compreendem que nada serão além de meros representantes de alguém maior, mais sábio, mais poderoso e mais gracioso do que eles. | Seu trabalho diário não é transformar seus filhos em coisa alguma. | Sabem que foram chamados para serem instrumentos nas mãos de Deus que tem pode para resgatar e transformar os filhos que lhes foram confiados. | Não são motivados por uma visão do que esperaram que seus filhos sejam, mas pelo potencial do que a graça pode levá-los a ser.
3. Sucesso: Aquilo que você define que o sucesso deve ser.
Proprietário: São guiados por uma lista de indicadores, na vida de seus filhos | Geram expectativas no desempenho, habilidades musicais, esportivas e sociais.
Embaixador: Assustadoramente descobrem que não tem qualquer poder para produzir coisa alguma em seus filhos. | ter sucesso na criação de filhos não é atingir objetivos (que você não tem poder de atingir), mas ser um instrumento útil e fiel nas mãos de do único capaz de produzir boas coisas em seus filhos.
4. Reputação: Aquilo que mostra às pessoas quem você é e o que faz.
Proprietário: Involuntariamente transformam seus filhos em troféus | Algumas vezes desejam exibi-lis em público | Pais assim tem dificuldades com as fases excêntricas de sues filhos. | Pais proprietários tendem a irar-se e desapontar-se com seus filhos não por sua desobediência à lei de Deus, mas por qualquer atitude que traga aos pais desgosto e constrangimento.
Embaixador: Compreendem que, por lidarem com pecadores, estarão, de alguma forma, expostos ao equívoco e embaraço. | São humildes ao aceirarem o papel que Deus lhes confiou. | Ao final, seus filhos não serão seus troféus mas, troféus de Deus. | Para esses pais é Deus quem faz a obra e é Deus o recebedor de glória. | Eles se sentem simplesmente gratos por poderem servir de instrumentos nas suas mãos.

Conclusão

Meus irmãos sabemos que são muitas informações, mas aqui está um pouco do caminho que podemos percorrer quando a tarefa é criar filhos.
Alguns conselhos para aqueles que não tem filhos ainda e aos que já tem:
Se você ainda não tem filhos, fiquem tranquilos, ter filhos para responder aos sonhos dos outros é tão ruim quanto a tê-los achando que são propriedade de vocês. Quando a hora chegar, orem ao Senhor, pedindo discernimento para entender que vocês são representantes do reino de Deus e não donos de seus filhos. Não entrem na lógica secularista e da nova cultura que filhos são atrapalho a um projeto romântico de vocês.
A vocês que estão no meio da tormenta, voltem a segurança de Jesus, seus filhos não são propriedade de vocês. Encarem o fato que vocês são responsáveis por conduzirem e pastorearem seus filhos ao conselho do Eterno. Não confundam suas expectativas com a vontade de Deus.
Crio que hoje a noite só introduzimos uma conversa que tem tirado o sono de muitos.
Afinal, filhos, de quem é esse problema? Na verdade filhos, são heranças, presentes dados por Deus a nós. Os filhos pertencem a Deus e nós somos aqueles que os ajudam na capacitação de serem missionários do reino em todas as áreas de suas vidas.
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