A Humilhação do Rei

Exposições em Marcos  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 5 views

Cristo é humilhado pelos fariseus no sinédrio

Notes
Transcript

Texto

Marcos 14.53–65 NAA
E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e então se reuniram todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas. Pedro seguiu Jesus de longe até o interior do pátio do sumo sacerdote e estava assentado entre os servos, aquentando-se ao fogo. E os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para o condenar à morte, mas não achavam nada. Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não eram coerentes. E, levantando-se alguns, testemunhavam falsamente, dizendo: — Nós o ouvimos declarar: “Eu destruirei este santuário edificado por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, não por mãos humanas.” Nem assim o testemunho deles era coerente. E, levantando-se o sumo sacerdote, no meio, perguntou a Jesus: — Você não diz nada em resposta ao que estes depõem contra você? Jesus, porém, guardou silêncio e nada respondeu. O sumo sacerdote tornou a interrogá-lo: — Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito? Jesus respondeu: — Eu sou, e vocês verão o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo com as nuvens do céu. O sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: — Por que ainda precisamos de testemunhas? Vocês ouviram a blasfêmia. Qual é o parecer de vocês? E todos o julgaram réu de morte. Alguns começaram a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto, a bater nele e a dizer-lhe: — Profetize! E os guardas davam-lhe bofetadas.

Introdução

Deus no banco dos réus - uma obra literária escrita por Elie Wiesel, baseada em fatos reais, em que alguns judeus sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz julgam a Deus por ter abandonado o povo judeu diante do extermínio nazista;
Deus é julgado no nosso coração em vários momentos quando questionamos o por quê das coisas acontecem...
Deus foi julgado pelos judeus do século 1

O discipulado de Jesus envolve abnegação e fidelidade ao Senhor.

I) A cena da humilhação (vs. 53-56)

A) O cenário: o sinédrio (v.53)

Após a sua prisão, Jesus é levado imediatamente perante o Sumo Sacerdote da época - Caifás, que presidiu sobre o Sinédrio de 18 a 36 d.C.
O sinédrio é um tribunal estabelecido no templo, no qual, pessoas acusadas de transgressões da lei ou políticas eram apresentados para serem julgados por 72 membros;
De acordo com a Mishná, eram necessários 23 membros para julgar réus sob pena de morte;
O local onde se reunião era o Saguão de Pedra Lavada, no Templo, no entanto, esse julgamento aconteceu na casa de Caifás, talvez por causa da falta de evidências contra o acusado;
Deveria acontecer somente durante o dia, nunca em véspera de sábado ou em festas, mas devido a falta de provas, ele foi marcado na madrugada;
A pena máxima era o apedrejamento, caso o réu fosse condenado por blasfêmia; o corpo deveria ser pendurado em uma árvore;

B) O fracasso do amigo e o aparente triunfo dos antagonistas (v.54-56)

Marcos inicia a nova cena destacando o fracasso de Pedro, o discípulo que havia jurado a mais alta fidelidade ao seu Senhor; em vez de estar próximo, ele estava seguindo de longe - um seguimento incompleto. Pedro não está disposto a segui-lo até a morte, mas até o pátio, onde pode se aquecer junto ao fogo;
Marcos prepara a cena para o que virá a seguir, que descreve como esse discípulo fracassou miseravelmente nesse local, ao negar Jesus por três vezes;
Os antagonistas eram os sacerdotes, escribas e anciãos do povo;
Não havia evidências de crimes ou provas deles para poder acusar Jesus, senão falsos testemunhos que pessoas apresentavam sobre o que Jesus havia dito ou feito.

C) O herói humilhado: Jesus Cristo

Cristo é apresentado aqui em contraposição aos seus oponentes e amigos, mantendo sua fidelidade ao Pai e abnegação, mesmo quando acusado falsamente.

II) O enredo da humilhação (vs. 57-65)

A) Os falsos testemunhos

Procuravam (evidências- usado com sentido negativo em Marcos) muitos falsos testemunhos para condenar a Cristo, mas eles não se sustentavam;
A lei judaica afirmava que deveria haver ao menos duas testemunhas para condenar alguém a morte, conforme Numeros 35.30 “Todo aquele que matar a outrem será morto conforme o depoimento das testemunhas; mas uma só testemunha não deporá contra alguém para que morra.”
“Um falso testemunho nunca carrega convicção de verdade.” James Edwards
Jesus iria destruir o templo e reerguê-lo em três dias com suas mãos -
Uma acusação séria a vista dos judeus, pois o templo era um símbolo sagrado para todo o povo, semelhante ao que a Basílica de São Pedro é para os católicos, pois se tratava de todo o centro religioso e político de Israel, bem como suas esperanças escatológicas;
Jesus se referiu à destruição do templo. Marcos 13.1-2 “Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos: Mestre! Que pedras, que construções! Mas Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada.” -
O profeta Jeremias profetizou esse acontecimento e escapou por pouco da condenação. Jeremias 26.7-24 “Os sacerdotes, os profetas e todo o povo ouviram a Jeremias, quando proferia estas palavras na Casa do Senhor. Tendo Jeremias acabado de falar tudo quanto o Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, lançaram mão dele os sacerdotes, os profetas e todo o povo, dizendo: Serás morto. Por que profetizas em nome do Senhor, dizendo: Será como Siló esta casa, e esta cidade, desolada e sem habitantes? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na Casa do Senhor. Tendo os príncipes de Judá ouvido estas palavras, subiram da casa do rei à Casa do Senhor e se assentaram à entrada da Porta Nova da Casa do Senhor. Então, os sacerdotes e os profetas falaram aos príncipes e a todo o povo, dizendo: Este homem é réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com os vossos próprios ouvidos. Falou Jeremias a todos os príncipes e a todo o povo, dizendo: O Senhor me enviou a profetizar contra esta casa e contra esta cidade todas as palavras que ouvistes. Agora, pois, emendai os …”
Para Marcos, Jesus substituiu o templo como o lugar onde Deus encontra o seu povo. O evangelista mostra que Deus já não estava mais presente no templo. Marcos 11.12-21 “No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos. Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto. E foram para Jerusalém. Entrando ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo; também os ensinava e dizia: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores. E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava de sua doutrina. Em vindo a tarde, saíram da cidade. E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. …”
2Samuel 7.12-14 “Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens.” Jesus cumpre a finalmente a profecia dada a Samuel de que o descendente de Davi iria construir o templo onde o povo adoraria a Deus verdadeiramente;

B) O verdadeiro testemunho

O verdadeiro testemunho de Jesus é visto no seu silêncio. O Sacerdote pergunta o que Cristo tinha a dizer em sua defesa, uma vez que ele permaneceu calado durante todo o tempo;
O silêncio de Jesus tinha um caráter estratégico, pois qualquer coisa que ele dissesse seria usado contra ele no tribunal;
O que ele dissesse seria entendido como autoincriminação pelos seus opositores;
O silêncio de Jesus evidencia a sua inocência, sua fidelidade e abnegação, sendo ele o servo sofredor de Isaías 53.7 “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca.”
O verdadeiro testemunho de Jesus é visto em sua resposta ao sacerdote
Caifás pergunta se ele era o Cristo, o Filho do Deus Bendito - a forma como Marcos expõe essa pergunta na boca do sumo sacerdote tem um propósito para os seus ouvintes: uma confissão cristológica na boca de seu maior antagonista terreno. Marcos 14.61 “Ele, porém, guardou silêncio e nada respondeu. Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse: És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?”
Outra confissão teológica exposta por Marcos pela boca de um antagonista de Cristo é a do centurião que teve participação na crucificação de Jesus. Marcos 15.39 “O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.”
Os oponentes de Jesus estavam familiarizados com essa expressão, por ter ouvido de Cristo algumas referências a sua divindade e messianidade, mas até esse momento, não ouviram nada com clareza de seus próprios lábios. Foi apenas no sofrimento que Cristo divulgou abertamente sua identidade como Filho de Deus. Jesus revela o segredo que todos desconfiavam saber.
Marcos 14.62 NVI
“Sou”, disse Jesus. “E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu.”
Jesus, ao afirmar que é o Filho de Deus:
Ele se refere a si mesmo como o Filho do Homem de Daniel 7.13 “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.” e Salmo 110.1 “Disse o Senhor ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.” Uma figura divina e exaltada.
Retrata a si mesmo como o cumpridor da missão escatológica do Filho do Homem - ele será coroado de glória, apesar de sua humilhação por parte dos homens, e julgará o mundo;
A resposta do Sumo Sacerdote:
Rasgou suas vestes - uma espécie de camisola que usava sobre a pele - tinha sinal de profunda consternação;
As palavras de Cristo denotavam, aos ouvidos de Caifás, como uma blasfêmia, cuja penalidade era a morte por apedrejamento. Como afirma James Edwards, “a acusação de blasfêmia é a prova poderosa, mesmo se indireta, da afirmação de Jesus ser o Filho de Deus”.
Todo o Sinédrio concorda com a afirmação, então Jesus é humilhado, sendo execrado, zombado e surrado;
Marcos aqui registra o cumprimento daquilo que profetizou sobre o Servo Sofredor. Isaías 50.6 “Ofereci as costas aos que me feriam e as faces, aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o rosto aos que me afrontavam e me cuspiam.”

Conclusão

Em contraposição ao fracasso de Pedro, que negaria a Cristo por três vezes para defender a si mesmo, Jesus negou defender a si mesmo e afirmou sua identidade como Filho de Deus, evidenciando a sua abnegação e fidelidade.
Marcos conclama os seus ouvintes a manter a sua fé no Senhor que foi humilhado e hostilizado a seguir o seu mestre e suportar as perseguições, a abnegar-se e manterem-se fiel ao Senhor.

Aplicações

Aplicação 01: A fidelidade a Cristo e a abnegação de nossa vontade, mesmo em circunstâncias adversas, é a prova do verdadeiro discipulado.
Aplicação 02: Jesus Cristo é o Filho de Deus que suportou as afrontas em nosso lugar e voltará para julgar o mundo!
Aplicação 03: O homem pode facilmente burlar regras e leis quando é conduzido pela maldade do seu coração.
Related Media
See more
Related Sermons
See more